Clareira Central

Tarek havia feito um bom trabalho em pedir os equipamentos para Bit-Coins, mesmo que eu ache que ele foi um tanto quanto "abusado" na maneira que pediu, deu certo, então fod*-se minha opinião sobre isto, sorte também que Marcelo é bastante bem-humorado.

Então voltando para nossa matilha acabo por ouvir as brincadeiras de Thiago pelo caminho, começando com frases que indicam num tom de humor pedidos de beijos, eu apenas o olho com a sobrancelha levantada sem falar nada e acabo rindo dele... é divertido, mas não me parece apropriado.

Ao chegarmos é nítido que Âmago nos encara, mas não entendo o motivo, fomos até Bit-Coins, cumprimos uma parte do plano e voltamos, o que ela quer?

Sinceramente, agora eu gostaria de ir para casa e arrumar minha vida para que amanhã cedo pudesse cumprir meu papel no pagamento do dogma do Totem, mas não era o caso, então espero que alguém me passe a próxima parte da minha função no grupo.

Grace dá um sorriso de aprovação a Degan, ao vê-lo com suas outras roupas, e recebe Tarek e Tómas com ansiedade. Não tem como esconder sua frustração ao ouvir que eles não tinham o equipamento, mas logo contorna isso. 


- Bit-Coins é muito prestativo. Mande agradecimentos para ele em nome de toda a Matilha quando pegar os equipamentos. Fechamos o nosso plano de ação. Ficará mais difícil sem os walkie talkies, mas vamos ter que nos virar. Você, Sussurros da Noite, irá abordar um dos travestis a pé, como um cliente. Eu, 99 Centavos, Sangue dos Quatro Ventos e Brilho dos Sonhos vamos ficar em duplas, fingindo que somos casais e ficaremos observando seus arredores. Você pedirá ao travesti que indique um motel que ela conhece para fazer o programa. Dentro do quarto, você faz as perguntas, use sua Persuasão se for necessário. Você será uma parte essencial do nosso plano. Gaia lhe conceda a sabedoria necessária e que você mais uma vez possa provar o seu valor. 

Ainda tentava entender o olhar de Sarah e então Grace logo se pronuncia. E pelo menos não tinha ali uma bronca por não conseguir o equipamento.
"- É sim, o cara é bem gente boa..."
Comenta sobre Bit-Coins e ouve o plano final para noite.
"Oooo-k... Eu disse fazia o que precisava e improvisava... Então de boa..."
Apesar de não demonstra é manter um sorriso. Sentiu um incômodo sobre aquele plano é o complemento quanto a Gaia dar ele sabedoria e mostrar o valor dele.
* Se não confia em mim... Bota outro... É por isso que outra ali está me encarando?*
" Sim, que Gaia conceda sabedoria a todos nós para sermos uma ótima matilha... E bom, acho que o resto vai seguir o plano de ir a umbra certo? Então que Helius e Luna iluminam os nossos caminhos... Então, vamos?"

Degan não parece se importar muito com o comentário de Sussurros-da-Noite. Ele nota que a Galliard dos Fiannas lhe dá um sorriso, provavelmente, aprovando suas roupas. Ele não pensa muito no assunto, talvez por conta de uma mistura de timidez e a irritação da outra hora. 

Depois que Cordas-Trêmulas repassa o plano para os recém-chegados, o Wendigo assente com a cabeça. Quando ela menciona que Gaia dê sabedoria ao jovem, o Philodox respira fundo. 

Ele certamente vai precisar de MUITA sabedoria... E de se conter também. Talvez seja uma oportunidade para se provar. Estarei atento para julgar isso posteriormente...


Com a cabeça ainda cheia de dúvidas, Degan aguarda as manifestações de Asa-Solitária.

Kiba se mantinha em silencio enquanto alguns membros da matilha conversaram algo que não era a respeito da missão. O Presa de Prata se mantém pensativo, imaginando o que iria acontecer naquela noite.

Quase nem notou o retorno de Degan, somente quando o Wendigo já estava entre eles. O Ahroun acena em positivo para o Philodox e logo depois nota que Thiago e Tomás estavam finalmente voltando.

A noticia de que não teriam os equipamentos para aquela noite não irrita o Ahroun, pois ele já não contava com eles antes para o plano.

Grace explica o plano para a dupla e assim que Thiago aceita sua parte do plano o Ahroun descruza os braços e completa:

- Eu, Henker e Zvanna estaremos na Umbra. Encontraremos Sarah depois para descobrirmos pra qual motel vocês foram. Grace, Tomás, Jéssica e Degan estarão por perto. Também irão se passar por casais pra estar perto de você quando conseguir as informações ou caso precise de ajuda.

Kiba então olha para cada membro da matilha e diz:

- Essa é nossa primeira missão irmãos, vamos ter cuidado com o Véu e com uma possível armadilha por parte do vampiro. Evitem a forma crinos fora da Umbra e se pegarem o desgraçado, não hesitem em mata-lo. Informação é importante, mas a segurança de vocês e do Véu é maior. Não podemos correr o risco de deixa-lo fugir.

Olhou então para Henker, que era o detentor do veículo e disse:

- Vamos lá negão... Você dirige.

O Wendigo retorna vestido mais ou menos, melhor que alguns amigos da Roedor, e logo depois a dupla Tarek e Tomás também chegam. Não era de se surpreender que não tinham o equipamento para o já.

O plano já estava montado e só restava o aval de Kiba. Jess observa Tomás, para ver se ele estava bem, mas era difícil perceber alguma coisa nesse sentido. Nem mesmo ela estava calma como um lago, estava mais para maremoto. Missões contra vampiros eram sempre tensas e a possibilidade de morte era iminente. A única pergunta que se fazia era: em quanto tempo retomaremos a cidade?

O Alpha então fala mais um pouco do plano e indica quais eram as prioridades daquela missão. Para Jess era só uma, matar os vampiros. Henker iria dirigir o carro e como Kiba fizera, ela o olha, seria o guia até o automóvel e até o “local” das mortes. No caminho ela iria sugerir algo que achava pertinente

"- Certo, que assim seja feito. -"

Tomás fala deixando claro certo desconforto, ele sabia que não parecia um "heterossexual", ele deixava suas unhas escondidas quando conversava porque elas estavam mal pintadas de preto, o piercing no septo também não era bem visto, com sorte entenderiam ele como um namorado exótico ou algo assim.

Diante das divisões dos casais, duvidou que seria designado para Grace, então deveria fazer par com Jessica.

Por fim Tomás avança com a matilha a certa distancia, afastado.

Assim que Henker concorda Kiba começa a caminhar junto a ele rumo a saída Oeste.

Off:

Segue no tópico Entrada Oeste.

Não havia mais nada para ser acrescentada por parte do Fenrir, por isso ele se limita a acenar a cabeça e levanta-se seguindo de perto o alpha.

Os olhos de Grace se iluminam de contentamento e alívio ao ver Zvanna curada.
- É bom te ver reestabelecida, Olhos do Caos. Asa Solitária nos falou que tinha se ferido. Ficamos preocupados. 

Lança um breve olhar para Tarek.
- Quando puder, vamos precisar de seus conhecimentos novamente...

O caminho para o Caern é bem tranquilo. Seguem os dois grupos de táxi sem problemas. Entram no Caern através da parte Oeste, a mesma pela qual tinham saído para a missão. Sarah os anuncia e quando chegam à Clareira Central, Jessica muda de Glabro para Hominídeo. Sarah já caminha na direção de Zvanna, que bebia alguma coisa e parecia bem.

Jessica não deixa de perceber que a juíza procurava o olhar de Kiba. Era hora do esporro da Roedora e ela merecia isso. Estava de cabeça baixa, mas sabia que precisava ser forte. Tinha que encarar seus erros para aprender com eles, como ela tinha aprendido com seus estudos. Mas o peso para sua tribo seria tremendo e ela se culpava bastante por isso, além de se culpar pelas mortes das travestis por ter destroçado o véu. Henker não estava à vista, o que minimizaria a cena, teria que tratar com ele depois sobre o carro e ela não enxergava uma boa solução para a destruição do carro do irmão de matilha, que para piorar ainda era um Cria de Fenris. 99 Centavos tinha conseguido deixar dois Crias putos naquela noite. Era um recorde bem feio, não que Crias fossem o exemplo da calma, mas Jess se superou naquela noite.

Degan havia chegado com Grace e Jessica há pouco tempo. Não havia muita coisa que comentar, então o Wendigo vai em silêncio por todo o caminho. Ele fica particularmente satisfeito quando nota que o taxista que os atendeu não fez nenhum comentário sobre a roupa do Philodox ou de sua origem.

Pelo menos, neste país, imagino que não vá ouvir tantos comentários supremacistas raciais quanto no Norte. Menos mal, já que aqui é mais difícil se livrar dos corpos. Já sinto saudades dos ursos de nossa reserva...


É quase tangível a apreensão de Jessica. Ela sofreria uma punição, talvez, ritual da Philodox dos Fenris, e isso não seria muito bonito. Uma parte do Wendigo tem pena dela. Mesmo vivendo na imundice das cidades, ele nunca ouviu falar de um Roedor que tivesse tomado um Caern Wendigo, ou mesmo recusado ajudar a tribo, exceto quanto os próprios Roedores estavam com uma ameaça grande demais para se lidar. E, claro, Evan havia lhe contado sobre Mãe Larissa...

Como Kiba havia falado, Olhos-do-Caos tinha retornado ao Caern para lamber as feridas.

Não seria nada bom perder uma Angalkuq* neste local inóspito com tantos manitou* corrompidos e ainda mais com a necessidade de se examinar o Peregrino. 


Ele nota que a Fenris aguardava Asa-Solitária para começar a falar. Sua atenção se fixa nela, afinal também era trabalho dele vigiar a colega de matilha para que não cometesse nenhum excesso, mas, a julgar por ela não ter se importado com os machados ao começo da reunião, talvez ele não tivesse muito o que discordar dos métodos dela...

OFF:
Angalkuq é um termo Sioux para "sábio" usado para Theurge entre as tribos puras. 
Manitou são espíritos bons ou maus, um termo genérico também usado pelas tribos puras.

De tudo que ocorreu naquela noite o retorno para o Caern havia sido bastante calmo, os carros não ficaram abarrotados e Tomás apenas se perguntou se havia sobrado algum troco dos R$ 100,00  que havia emprestado e se iriam devolver, o que duvidava. 

Uma ansiedade e um certo medo dominava a matilha, uma sensação de "baixo-astral" bastante estranha, alguns tristes e decepcionados, outros feridos, alguns buscando otimismos nas pequenas coisas positivas e outros enfurecidos, tirando Tomás. O Andarilho permanecia incapaz de entender completamente o motivo daquilo tudo, sabia que o Véu havia sido rasgado, mas fizeram o que podiam para resolver naquele momento e ficarem furiosos não mudaria nada, haviam "quase perdido" Tarek, algo que a liderança da matilha devia se responsabilizar em manda-lo sozinho, mas talvez iriam culpar o rapaz acusando-o de ser "fraco".  

Por fim provavelmente reclamariam de Tomás pelo seu comportamento, porque na missão em si o rapaz não tinha se saído mal, ele não se tornou Crinos nenhuma vez evitando comprometer ainda mais o Véu já rasgado, foi o primeiro a atacar os vampiros (supondo que Degan teve que percorrer um caminho até eles) novamente sem rasgar o véu, quando ordenado a matar as travestis, o fez sem remorso, quando tinha que achar Tarek, o fez novamente, no entanto Brilho-dos-Sonhos sabia não ser bem visto por parecer arrogante e petulante quando não parecia distante e vazio, com vinte anos de vida ele já sabia o que as pessoas achavam dele ao não saber o que de fato ele era. *Cortem-lhes a cabeça.* Pensou consigo mesmo diante da repreensão que se aproximava. *Lobisomens emotivos escravos de seus sentimentos. Tsc.*

Novamente o Andarilho permanecia mais atrás do grupo, pensativo e distante, sua expressão era indiferente e neutra.

Kiba havia seguido junto com a matilha carregando Thiago nas costas até conseguirem achar um táxi. Depois disso, ficou calado o caminho todo apenas observando a paisagem de volta ao Caern. Haviam tido muitos problemas aquela noite, mas ainda acreditava que podiam dar a volta por cima.

Assim que chegam, Thiago havia acordado e pedido uma bala, mas Kiba estava sem nenhuma ali. Sarah já havia anunciado a matilha, então não havia necessidade de novos uivos.

O grupo segue até chegarem a clareira central, onde Olhos do Caos os aguardava. Assim que estavam todos reunidos o Ahroun diz:

- Fico feliz de ver que está bem. E mais uma vez obrigado pela ajuda na Umbra.

Kiba regride para forma hominídea, agora que não tinham mais perigos iminentes e então diz:

- Ta bom gente... Precisamos conversar muito sério sobre a missão de hoje. Antes disso, Sarah quer ter uma conversa com vocês. Sarah, a palavra e a autoridade de juiza é sua.

Sem bala, com o ainda gosto metálico na boca, o peregrino seguiu andando meio devagar, tendo assistência e olhar próximo de Kiba. Andava com as pernas meio abertas e de forma desengonçada, parecia que tinha cavalgado sem cela o dia todo.
Nada que uma boa noite de sono ali, deitado de bruços não resolveria. 
A matilha se reagrupa em torno de Zvanna que tomava algo. E ao ouvir os comentários a ela, lembra de ter ouvido entre cochilos dela ter se ferido na Umbra.
Thiago da ela um olhar, analisando sua condição, mas sem olhar nos olhos dela.
"- Bom que está bem..." Fala baixo e gentil a ela.
E logo então o líder se anuncia, e da a palavra a Sarah.
Nem precisava olhar para ela para saber que viria algo nada bom ali. Só baixou a cabeça esperando a bronca ou pior.

 
 
 
 














 
 

Que Sarah era uma vadia, Tomás já achava isto desde quando viu a carranca da mulher pela primeira vez. Que alguma coisa pesada acabaria sobrando para ele também não era novidade. Ouviu o julgamento dos outros com indiferença e até então não havia sentido medo da mulher, somente algum desgosto. 

Mesmo antes de chegar no Brilho-dos-Sonhos o rapaz tinha começado a achar as punições um tanto quanto injustas e imparciais, cogitou que se Grace era a Alfa do momento ela tinha que ser mais responsabilizada, mas não foi, além de ter ficado na forma Crinos por um longo período. 

Tomás se manteve bem posturado, distante e frio diante de Âmago. Por quase todo o processo ele não parecia se abalar, mas conforme ela falava para ele, o rapaz se assustou, sua expressão mudou para algum espanto e raiva e sentiu ódio pelo que estava acontecendo. 

Não entendia o julgamento, não entendia a escolha de Kiba em deixá-lo ser feito por aquela mulher. Na visão de Tomás ele não havia desobedecido um comando, mas protegido a amiga. Na hora de executar as travestis ele cogitou que Grace que devia ter dado a ordem e como Sarah havia feito, isto era digno de ser "questionado". Jéssica não tem armas e tinha que sair da forma Crinos. Tomás havia cumprido seu objetivo sem rasgar o véu e se sentiu injustiçado pelo resultado de suas ações pois havia pensado na matilha a longo prazo. 

Seus sussurros tinham o objetivo de ajudar Jéssica e sentiu ainda mais ódio por ser punido por isto, mas não conseguia odiar Sarah por enquanto, ela era severa e todos sabiam e ainda assim lhe deram poder. Odiava todos os outros, Grace por não ter se posicionado como uma Alfa no momento de necessidade, Kiba por ter dado a atenção apenas para Sarah e o ponto de vista da mulher sem querer saber os outros pontos do ocorrido, Degan por ter o mesmo posto da mulher e não estar fazendo nada. 

Brilho-dos-Sonhos apenas pensava uma coisa, independente de ser grosseiro ou rude, ele havia cumprido seu papel na missão sem prejudica-la e estava sendo punido por duas coisas, uma por ser quem era, outra por ter ajudado alguém. Certamente ele não voltaria a fazer as duas coisas tão rapidamente.

A dor do engasgo toma conta de Tomás, ele se sente quase entrar em pânico com medo do que poderia ocorrer com ele, quando enfim tentou se recuperar soltou um granhido agudo duas vezes e então rapidamente relacionou o nome da "maldição" com o que ocorria com ele, sem demora ele parou de tentar falar, não olhava para ninguém, apenas escondeu a raiva, medo e a frustração olhando para o lado, seus punhos fechados enquanto fantasiava em vão o dia em que cada um deles precisariam da ajuda dele... E ele pudesse falar "não".

Quando Kiba dá a autoridade à Sarah, Jessica quase treme na base. Era a hora de ser julgada e punida por seus erros. Mas sinceramente ela queria que seus erros recaíssem somente sobre ela. Se Sarah comentasse alguma coisa sobre sua tribo, tentaria revidar de forma educada e seguindo seu augúrio.

A juíza começa com um tom autoritário, mas mesmo assim tentava explicar de forma bem lúdica o que estava fazendo, porque o estava fazendo e para que. Era claro que ela puniria a Roedor e que isso serviria de lição para que a matilha melhorasse. Jess errou demais naquela noite. Mas a Cria começa pelo Peregrino Silencioso que já estava debilitado. Para a Ragabash, ela era a única que tinha errado aquela noite. Não que erros alheios aliviassem o seu, mas isso a impressionava. O olhar dos Philodox eram realmente analíticos e Sarah ganhara pontos com a Roedor por estar atenta a tudo e todos, mesmo que a presença da Cria fosse bem intimidadora.

Deganawida leva uma advertência, sem punições. Grace recebe a mesma advertência da qual Degan tinha recebido, além de que falhara como Beta. Jessica sempre se mantinha de cabeça baixa, esperando que fosse a próxima. A matilha errara bastante, mas 99 Centavos não sabia o quanto e isso era bem preocupante.

Percebeu a bolsa de uma das travestis sendo jogada próxima de si e meio que se assustou. Levantou os olhos para Sarah, mas somente por alguns momentos, a presença da Cria era demais para ela. A aura da Philodox a intimidara demais. Sabia que era sua vez de ouvir. Tinha que enfrentar sua punição, mesmo que fosse a morte. As palavras da Philodox eram duras. A punição era mais dura ainda. Manter-se em lupino seria um problema para ela, que tinha que cuidar do dogma do Uirapuru comprando frutas toda manhã. Mas segundo as orientações da juíza, ela poderia mudar de forma quando em missões urbanas. Consideraria o dogma do Uirapuru, enquanto na cidade, como uma missão urbana.

Sem encarar Sarah, Jessica imediatamente muda para lupino quando recebe sua punição. Não era uma juíza para contrariar o julgamento da Cria e em sua situação, de erros crassos naquela noite, ela receberia qualquer punição como uma dádiva. A segunda chance que a Cria lhe dera para não ser rebaixada à filhote era um presente, devido às circunstâncias causadas por ela. Em resposta, Jessica, intimidada e ainda com o olhar no chão, mais precisamentepaa a bolsa da travesti, diz, um pouco amedrontada:

"-Âmago de Gunnr. Devo agradecê-la por me dar mais uma chance e recebo as punições de bom grado. Não as contestarei, porque não é de minha índole contestar as decisões de uma juíza quando são acertadas. Levarei a punição com seriedade e considerarei que isso me fará evoluir como Garou. Quando tiver dúvidas sobre alguma coisa, procurarei de forma humilde o Alfa, a Beta ou você para consulta, nessa ordem. Farei meu melhor daqui por diante."

Jessica continuava olhando a bolsa no chão, como se tivesse acabado de acordar e o sono ainda a perseguisse, mas na realidade ela estava pensando nas famílias das travestis, nas travestis e na sua própria vida quando prostituta. Com sua boca ela pega a bolsa da travesti para verificar depois. E permanece em silêncio sepulcral depois disso.

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OFF: 2 sucessos para aguentar a intimidação da Sarah. Não deu.
:p

- Uma nobre atitude, Olhos do Caos. Será cantada com muito gosto na Assembleia - diz sorrindo para ela. 

Grace achava que a prioridade naquele momento era examinar e purificar o Peregrino, mas Kiba autoriza o esporro da juíza da Matilha. Grace apenas senta e se conforma.

Quando Sarah começa a falar sobre os modos da Tribo dela, a Fianna precisa se conter pra não revirar os olhos de tédio. Fenris e sua mania de se acharem superiores por contra de sua busca desenfreada pela guerra, como se aquilo fosse a única esfera importante da vida Garou. Bons guerreiros, pelo menos, já que só se dedicavam a isso. Quanto ao resto, isso era duvidoso... 

Como já achava duvidosa a capacidade de Sarah como juíza. Para a Galliard, um juiz devia se impor através de suas palavras sábias. Não estufando o peito e crescendo os ombros como se fosse retalhar qualquer um que discordasse dele, e era essa a impressão que Grace tinha, e admitia para si mesma que isso a intimidava. O que sustentava o julgamento eram menos as avaliações da juíza e mais sua postura de guerra. Típico dos Fenris, mais bons guerreiros do que qualquer outra coisa, e isso se mostrava também em sua Philodox. 

Ouviu de cabeça baixa as suas advertências, das quais discordava parcialmente, mas não tinha coragem de retrucar, pois sabia que isso só pioraria a situação. Contudo, as elaborou mentalmente para discutí-las depois com Deganawida, que parecia ser um juiz mais centrado. 

"Primeiro: Jéssica já tinha assumido a forma Crinos. O véu já estava rasgado. 
Segundo: Estávamos em uma batalha contra um inimigo cujo poder desconhecíamos. A forma Crinos era a melhor maneira de garantir a derrota da Wyrm, bem como nossa própria sobrevivência. 
Terceiro: Realmente eu devia ter mudado de forma antes de caçar as travestis. Isso eu reconheço e aceito. 
Quarto: A prioridade naquele momento era destruir a Wyrm, depois matarmos as travestis para proteger o véu. Achei que isso ia ser óbvio para todos e foi assim que procedemos. Após a derrota dos sanguessugas, eu, Degan e Tomás fizemos a limpeza do Véu, dentro das possibilidades. Como eu mandaria dois Garous limparem o Véu enquanto tínhamos um inimigo de nível desconhecido nos atacando? Como você imprudentemente fez? Felizmente o inimigo não era tão forte, mas e se fosse? A sobrevivência dos membros estaria em risco. Deveria ter usado mais a minha voz como líder, reconheço isso, mas não acho que houve falha estratégica, exceto em não termos mudado de forma ao final da luta. 
A bhastaird bhreallgnúisigh" 

- Reconheço minhas falhas, juíza. Lembrarei de suas orientações e me esforçarei para melhorar. 

Jessica ia ter que oferecer alguma compensação aos parentes das travestis mortas. Grace poderia ajudá-la com o Ritual da Pedra Caçadora, caso houvesse o nome de algum parente vivo entre os pertences das travestis. Falaria com ela em particular sobre isso. 

A punição que mais choca a Fianna é a Voz do Chacal em Brilho dos Sonhos. Para ela, apenas uma transgressão muito grave justificaria isso, e definitivamente não era o caso. Sente pena do Garou e indignada pela decisão. Contudo, nada poderia fazer naquele momento. 



OFF: A bhastaird bhreallgnúisigh: Bastarda cara de bunda.

O Wendigo sabia que as palavras da Fenris não seriam nada agradáveis. Os Fenris em si já se definem pelo oposto da palavra "agradável", mas ele sabia que havia cometido um erro tolo durante a luta e precisaria ouvir, até mesmo, para entender e crescer com isso. 

Âmago-de-Gunnr parece ficar maior e assustadora pouco depois de Asa-Solitária lhe dar a permissão para falar. 

Aquilo desagrada o Wendigo. A justiça vem dos caminhos e tradições passados por seus ancestrais, conduzida pela sabedoria de um Mediwiwin* e pela coragem de dizer o que é certo, por mais duro que seja. 

A força é uma ferramenta na mão dos justos para fazer valer a Litania. Essa era a verdade, mesmo para o guerreiro povo-lobo.

Ela diz como os Fenris são fortes porque eliminam suas fraquezas. Ela diz que apenas os mais fortes sobrevivem e que aqueles que morrem ou sucumbem, são fracos. 

O filho do Grande Wendigo parece se incomodar diante dessas palavras. 

O forte não é o guerreiro perfeito que se lança no olho da tempestade na esperança de retornar carregando o coração da nevasca. O forte é aquele que guarda comida para o inverno e sobrevive à fúria das tormentas... A força está em viver como Gaia ordenou que vivêssemos e rejeitar aquilo que ela não aprova. A força é o triunfo da vida a serviço da vontade de Grande Mãe.


Deganawida parece austero, mas ligeiramente incomodado com a presença da Fenris. 

Como podem os Fenris serem capaz de medirem toda a sobrevivência apenas através da força, se é Gaia quem tem a palavra final? Como os brancos podem dizer conhecê-la, quando não mais seguem os antigos caminhos? Quem pode dizer conhecê-la?


Ele se detém. 

Eu sei. Os Irmãos sabem quem e estão enlutados até os dias de hoje por isso. Apenas o Irmão do Meio, os Croatan podem dizer conhecer: Porque deles foi a maior força de se tornarem um no Peta-no-owihankeshni*...

As histórias sobre Roanoke e a Devoradora-de-Almas parecem obscurecer aquela ideia de justiça medida pela força do punho mais forte. Mas o Wendigo ainda se mantém atento àquelas palavras, porque elas lhe diriam até onde sua irmã de augúrio estaria disposta a ir.

Ela inicia pelo Peregrino. Suas palavras são duras, mas dura também é a teimosia do jovem Galliard, como ele presenciou mais cedo. No entanto, ela lhe dá uma missão capaz de redimi-lo: A morte do lacaio que o colocara em desonra. Ela lhe dá as ferramentas para lutar e um braço forte, com o espírito-coruja. 
Essa decisão é apoiada em silêncio por Deganawida.

Em seguida, ela lhe dirige o olhar e a palavra. Diz-lhe que falhou em seu papel como juiz de tradições, ao arriscar de forma desnecessária o véu. Aconselha-lhe sabedoria para que conduza a matilha pelo caminho da Litania, e lhe saúda ao se esforçar em tentar ensinar aos demais membros da matilha o caminho. Degan permanece solene, mas por dentro está surpreso. 

Não houve nenhuma ofensa à minha tribo, ao meu nome, ou aos meus parentes. Isso é mais do que qualquer um dos Puros jamais poderá esperar de um Fenris...

O peso de pertencer a um outro mundo, no entanto, corta o coração gélido do Oneida. Sua resiliência em se manter na forma guerreira, como fazia em seu lar, arriscara o véu e colocava em risco sua matilha. Se a vontade de Gaia estava nas tradições da Litania, ele precisava segui-las a todo custo. Porque a verdadeira justiça é a vontade de Gaia, que deve prevalecer mesmo em um mundo pérfido como o trazido pelos oshloi*, e para valer-se dela, ele precisaria conhecer aquilo: Como os Dançarinos Fantasmas de sua tribo ousavam fazer, mas com uma ferramenta que seu Aro Sagrado tanto conhecia: O diálogo. 

" - É minha palavra, como Sangue-dos-Quatro-Ventos, Philodox filho do Grande Wendigo, que farei valer a vontade de Gaia e não tornarei a falhar em Seus desígnios."

Nada mais havia que ser dito sobre ele. Buscaria o diálogo e conheceria a floresta de concreto de perto, e sua caçada à Wyrm e sua voz como a voz da Grande Avó seriam grandes e gloriosas, como os Puros devem ser. 

Ela profere palavras duras com a Galliard dos Fiannas. Diz que não deveria ter mudado para a forma de guerra, não deveria ter se estendido na forma de batalha, como ele próprio, e não deveria ter se furtado de liderar. 
A Litania ordenava matar a Wyrm onde ela proliferasse e ele certamente conhecia inimigos poderosos o suficiente para se passarem por humanos, como os vampiros serpentes. Talvez ela tenha se excedido, mas aquela não era a hora que ele falaria. Não iria se intrometer na jurisdição que Asa-Solitária havia entregado para a Fenris... Mas, talvez, lhe fizesse essa ressalva. Se ela fosse sábia o suficiente em procurá-lo...
Essa decisão não é totalmente apoiada pelo Philodox, mas ele se mantém em silêncio.

A Heyoka* dos Roedores de Ossos é a próxima a ser abordada pela juíza. Suas palavras são ainda mais fortes, e sua força parece transparecer mais. 
Isso não é bom.
Não era bom que ultrapassasse a mediania e chegasse à tribo. 
Não chega. 
Deganawida concorda com a retirada de honra e concorda especialmente com a punição: Um ciclo lunar sob a forma lupina, exceto para ocasiões específicas. Ele teria com a Ragabash depois, porque precisava saber o que ela sabia sobre os humanos e a caça naquele lugar. E ela teria com ele, porque ele a instruiria nos caminhos antigos, e a colocaria em contato com a Wyld do nobre Uirapuru. 

O último é o Heyoka* dos Andarilhos do Asfalto. Sua conduta era vacilante desde o início da noite, e seus modos eram humanos, demasiado humanos para os de um Garou. Aquilo preocupava Deganawida, porque assim como o Philodox representa a meia-lua no céu, Gaia criou o povo-lobo para ser a meia parte entre os humanos, filhos da Weaver, e os lobos, filhos da Wyld. A punição de Brilho-dos-Sonhos é severa, tendo sua voz amaldiçoada pelo chacal e servindo como apoio para a outra Ragabash. 
Degan acredita que a pena deste Ragabash deveria ser a mesma que a dos Roedores, mas sem a retirada do renome. A parte lobo ensina que palavras são, muitas vezes, desnecessárias. E traços que enfraquecem ou desmerecem os outros de uma matilha são indesejáveis, porque é a sobrevivência de todos que está em risco. 

Mas os Fenris se viam como "grandes guerreiros" e desejavam que fossem assim conduzidos, bem como os demais que estivessem ao seu lado. Havia alguma razão nisso, mas sua precipitação a prejudicava. Para ser um guerreiro é preciso equilíbrio, então isso deve vir antes. Ordens não compreendidas são rapidamente tidas como afrontas ao ego, e o ego só existe para os humanos. A philodox quis acertar no lobo, mas pode atiçar o homem...

Degan permanece austero e solene na maior parte do tempo.

OFF: Mini-glossário dos Wendigo!

Mediwiwin - Juiz, chefe de paz, termo dos Puros para os Philodox
Peta-no-owihankeshni - Fogo que arde na eternidade em Sioux

Oshloi - Brancos
Heyoka - Trapaceiro, termo dos Puros para os Ragabash