Entrada Oeste - Guaratiba

* A  viagem até ali havia sido calma. Seu vôo não havia atrasado e sua pouca bagagem havia garantido que não perdesse tempo demais no aeroporto. Não era a primeira vez em que se via em uma terra completamente desconhecida mas era a primeira vez que planejava ficar. Entrou no primeiro Táxi disponível e pediu uma corrida até o endereço que já sabia de cor aquela altura:  trilha transcarioca. O Taxista havia imediatamente questionado a escolha de destino sugerindo se não preferia escolher um hotel antes, mas uma olhar duro pelo retrovisor garantintiu que nenhuma outra pergunta fosse feita (provavelmente tambem garantiu que não houvesse qualquer tentativa de trapacear no preço). Veio o caminho todo perdido em pensamentos sobre sua nova casa, sua terra natal já não tinha muito a lhe ofertar e sentia que o Rio de Janeiro era o lugar certo para se estar. Quando finalmente chegam ao destino, paga o valor apontado e agradece sucintamente o servico prestado. Sai do táxi e passa a alça de sua mochila sobre os ombros enquanto observa a trilha que tinha a sua frente, deixando escapar enquanto observa o que seu futuro: *

- Caern da Coroa de Fogo.. é aqui que tudo comeca.

* Contempla o local por um instante e então simplesmente inicia a caminhada. Somente após se embrenhar por entre as árvores é que permite que seu corpo se transforme gradual e visceralmente até assumir a forma de um grande lobo com pelos profundamente negros. Os sons, cores e cheiros ganham todo um novo significado naquele momento e o garou deixa sua percepção ser inundada por uma infinidade de sensações. Caminha mais alguns metros calmamente e então para para inflar os pulmões e soltar um uivo profundo que ecoa pela noite: *

- Luke Constantine, Legado do Trovão, Ahroum cliath dos Senhores das Sombras pede permissão para entrar em solo sagrado!

* Podia sentir que quem se aproximava era detentor de grande fúria e raça pura. Seus sentidos lupinos o permitiam ouvir os sons do Garou muito antes de te-lo em seu campo de visão e, definitivamente, aqueles eram sons de um hominídeo. Preferindo encontrar seu anfitrião de igual, permite que seu corpo regrida para sua forma originária e logo estava novamente parado no meio da trilha em pé sobre duas pernas. A guardião surge em seu campo de visão e, por um único instante, foi impossível esconder a surpresa. Percebia agora que seu passado o acompanharia onde quer que fosse escrever seu futuro.. que seja, lidaria com isso assim como sempre lidava com qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Se recompõe a tempo de ouvir as primeiras palavras do Konietzko e as responde de imediato: *

- Ouvi dizer que precisavam dos melhores aqui, eu nao tinha como estar em outro lugar.

* Seu tom era natural e quase amistoso, como se o que falou nao passasse de uma verdade trivial. Aperta a mão de seu colega de tribo num aperto firme e comenta enquanto segue Garras do Trovão: *

- Se o Margrave enviou os filhos as coisas devem realmente estar precisando de ajustes por aqui. Algum conselho para um irmão recém chegado?

* Não sorri e nem altera sua entonação mas, apesar de seu semblante austero, havia uma clara intenção de ser cordial. Segue caminhando ao lado do líder dos Juízes do Destino enquanto aguarda qualquer desdobramento daquela conversa. *

O garou andou por um bom caminho até chegar neste lugar, guiado simplesmente pelos seus instintos ele andou até a frente de uma mata, abriu um largo sorriso e deixou escapar um clichê.
 
- Lar doce lar.
 
O garou se aproxima até um ponto em que não haja nenhum transeunte e começa a transformar o seu pescoso e surgir um focinho proeminente e uiva.


- Henker Von Fernirsulfr, da poderosa tribo dos Crias de Fenris, nomeado como Algoz de Einherjar, cliath e hominídeo, e ahroun de Gaia, peço que me recebam e me autorizem a entrada.
 
Agora bastava esperar.

Degan havia percorrido um longo caminho até o Rio de Janeiro. O Wendigo ainda sentia receio em estar em um Caern fora de sua tribo, mas em nome de Gaia e do juramento que fez ao Aro Sagrado ele deveria persistir. Confiando nas antigas tradições de seu povo, ele veste a pele de lobo e emite um longo e frio uivo, como os que costumava fazer soar nas noites de inverno no extremo norte:

“- Saudações, eu, Deganawida Oneida, o Sangue-dos-Quatro-Ventos, nascido dos humanos, Cliath e Philodox do Grande Wendigo, solicito permissão para entrar neste Caern”.

Em silêncio, o enorme lobo da tundra aguardava a resposta.

Kiba e Henker caminhavam lado a lado em direção a saída Oeste. O Presa de Prata não havia vindo por aquele lado, mas seguia pela trilha demarcada para fora da floresta.

Assim que chegam as ruas, o Cria de Fenris vai até um xxxxxx que Kiba deduziu ser o carro do Ahroun. O Presa de Prata olha para seus irmãos e diz:

- Vamos ter que nos apertar um pouco...

Não imaginava que aquilo seria um problema e assim que Henker assume o volante Kiba segue para o banco do lado, colocando o cinto de segurança e esperando que os demais entrassem no carro.

O garou desarma o alarme do carro e rapidamente vê o alpha assumindo o banco do carona, e ele já assume o volante já ligando o carro enquanto espera que todos se acomodem.

O Wendigo observa o veículo do Ahroun dos Fenrir: Era grande, mas teriam que ir apertados. Isso poderia causar alguns problemas talvez com a fiscalização, mas não há muito o que se fazer, ele não tinha dinheiro e usar a forma lupina não era uma opção, bem como a Umbra de um lugar tão perigoso.

Tsc. Maldita Weaver.


Isso valia tanto para a máquina como para a burocracia humana nascida dela, que poderia prejudicar o plano. 

Degan entra pela direita e assume um lugar na janela, à extrema esquerda e deixa a porta aberta para que os demais entrassem. Sem dizer nada, ele copia Asa-Solitária e afivela o cinto.

A primeira coisa que o Peregrino pensa ao ver o carro de Henker é que seria legal tentar dirigir ele. A segunda é que iam parecer sardinha ali dentro em lata e que talvez fosse melhor ele ir andando, já que nem todo mundo ali era divertido pra brincar apertadinho no carro, como foi quando pegou carona para a praia da Joaquina em Florianópolis com uns surfistas.
Estava preste a sugerir que ele iria a pé, usar seu dom de corrida peregrino quando ouve Zvanna falar de seu carro e dividir a equipe.
Fechou a expressão por um momento observando aquilo.
*Então é assim... Se eu não falo algo é problema por não saberem e não planejar antes, mesmo sem terem perguntado, mas falar coisas de última hora ou achar que o carro cabia todos sem saber quantos eram, se for o guerreiro estressado ou a juíza está tudo certo... Muito bem... Entendendo como matilha funciona...*
Ficou esperando os Garous se moverem para então entrar no carro. Nesse meio tempo puxou uma camisa xadrez da mochila a vestindo por cima da camiseta deixando todos os botões abertos, puxou um desodorante e passou pelo corpo e depois voltou a guardar na mochila.
"- Melhor assim para o projeto investigativo..."

O garou sem cerimônias simplesmente deixa o carro em ponto morto e com o freio de mão erguido e sai, o motor já estava ligado e por isso ele simplesmente acena com a cabeça para a garou.

- Fique à vontade, e boa luta!


E segue em direção ao carro, olhando para Kiba e falando sem cerimônias.

- Shotgun!

Ser alto em um carro esportivo não costuma ser uma boa experiência pra quem senta atrás.

Kiba esperava que seus irmão entrassem no carro, mas a Senhor das Sombras da a eles uma solução mais viável.

O Ahroun desce do carro logo depois de Henker e começa a acompanhar a Theurge da matilha. Estava tranquilamente caminhando quando a palavra pronunciada pelo Cria de Fenris lhe faz erguer uma sobrancelha em sinal de duvida.

- Escopeta...?

O Ahroun inevitavelmente havia traduzido a palavra dita em sua língua natal. Talvez aquilo fosse uma giria da cidade do Rio que o Presa de Prata ainda não estava habituado.

Olhos-do-Caos tinha a intenção de deixar Henker dirigir mas o Fenris não pega as chaves. Sendo assim, a Senhor das Sombras assume o volante, liga o carro e parte.

OFF GAME: Cena continua nas Ruas da Zona Oeste.

"Preciso arranjar meu próprio veículo" pensa Grace ao ver que ia ter que se espremer no carro de Henker que, apesar de grande, não era o bastante para nove pessoas. 

Felizmente, Olhos do Caos também tinha um carro, e logo resolve a situação. Assim, depois que os dois Ahrouns saem do veículo, Grace se senta no banco do passageiro, ao lado do motorista.

Seguindo a galera da matilha pela trilha oeste, o grupo se depara com o carro de Henker. Era claro que nove pessoas não iriam caber ali dentro, mesmo com a fala de Kiba dizendo que deveriam se apertar. Se ela tivesse o ritual do carrinho de papelão, um dos que estavam na sua lista para aprendizado, era certo que caberiam uns três ou quatro no porta malas. Até imaginou Deganawida, Henker e Sarah dentro do porta malas, iria ser engraçado e terrível ao mesmo tempo. Imaginar dois Crias junto de um Wendigo. Não iria sobrar nada lá dentro.

Mais uma vez Olhos do caos salva a matilha de uma viagem constrangedora. Ela tinha um carro e iriam se dividir. Olhou na direção de Zvanna e sorriu, agradecendo em silêncio a sugestão dela. Mesmo que Deganawida, ela, Tarek, Tomás, Grace e Sarah tivessem que se apertar um pouco para caber dentro daquele carro. Ao menos eram seis em vez de nove.

*Se o Tarek der em cima de mim eu crino e arranco a cabeça dele.*

Olhou para Tomás, aquela situação não seria nada agradável para ele. E então Tarek coloca outra camisa e passa um desodorante.

*Gaia....nos dê forças para aguentar essa provação.*

Jess se esmaga junto aos membros da matilha que ficaram no banco de trás e Sarah canta pneu ao sair do caern. A Roedor gostou disso. Só esperava não ser esmagada a cada curva com aquele estilo de direção da Cria.

Tomás permanecia em silêncio extremo e não esboçava qualquer sentimento conforme o grupo de organizava para saírem do Caern, ficou levemente incomodado com o fato da Olhos-do-Caos ter um carro ali e não ter contado, mas isto não era problema seu a ser resolvido.

A ideia de ficar espremido com um monte de gente que mal conhecia era sufocante e quase claustrofóbica, mas o rapaz se segurou para não falar nada, se falasse, seria pior para ele. 

Propositalmente esperou que todos entrassem no carro, como de costume ele era o ultimo e sendo assim se posicionou ao lado de Jéssica e na janela, não reclamava apesar de não parar de pensar em possibilidades de ficar mais confortável ali. *Talvez se ficássemos na forma lupina? Talvez se eu ficasse na forma lupina no porta malas?*, o desconforto era tanto que ao entrar no carro, Brilho-dos-Sonhos olhava somente para janela se encolhendo o máximo que podia, usando até mesmo sua eficaz flexibilidade para cruzar as pernas de uma maneira que elas ficam travadas evitando contato com 99-Centavos.

OFF GAME: Cena continua na Clareira Central.

O peregrino só acordou quando o carro parou.
"- Oh..."
Bocejou sentindo ainda um gosto metálico na boca.
"- Acho que da pra andar agora, já descansei um pouco... Obrigado aí..."
Sai do táxi andando meio torto com a perna espaçadas.
"- Aí..." 
Olha para o líder depósito do táxi sair dali.
"- Da pra me anunciar ai junto... Não quero virar lupino só para me anunciar... E tem alguma bala aí? Tô com gosto esquisito na boca..."

Victor passa a maior parte da viagem de volta calado e um tanto contemplativo e não parece perceber ou se importar com a direção agressiva de Alef. Muita coisa havia acontecido aquela noite. Muitos acertos, mas, sem dúvida, muitos erros para o gosto do Senhor das Sombras. Ao chegarem à entrada do Caern, a Expressão no rosto do Philodox já é bem mais branda, retornando ao típico semblante de quarta-feira.

Ele desce do carro, se espreguiça alongando todo o corpo, acende um cigarrinho e, ja com um sorriso no rosto, fala para seus companheiros:

"-Bom trabalho, Gente."

Vira-se para Spybot:

"-Nós iremos conversar, mas não hoje. Hoje você já suportou o suficiente e merece uma boa noite de descanço."

Olha para um lado e para o outro, da um trago, e diz em tom relaxado:

"-Agora é esperar, né?."