Alojamentos

Ao chegar aos alojamentos, Jessica percebe que era um lugar bem rústico. Parecido até com o Caern de São Paulo. Gostou de ver aquele lugar, lhe trouxera lembranças bem vindas. Já imaginava o monte de irmãos de tribo que ela conheceria. iria ser uma boa recepção, esperava.

Ela chega perto de uma das portas e a abre com o focinho, já dizendo:

"-Hey....Roedora de Ossos aqui. Recém chegada, querendo conhecer a tribo. Tô no lugar certo?"

E dava uma espiada dentro de uma das casas.

 

A festa parecia já ter começado. Pelo menos ali nos alojamentos. Conversavam sobre o Pantaneiro? Babaca metido a peão boiadeiro de Barretos só podia ser ele. Só se tivesse outro. Na verdade tinham outros babacas, mas de peão boiadeiro achava que o Pantaneiro era o único.

O cheiro de comida era delicioso. A barriga de Jessica até solta um ronco involuntário, mas ela não sente vergonha. Roedores sempre estavam com fome porque nunca se sabia quando poderia comer de novo, por isso comiam sempre que surgia a oportunidade.

Cinco garous estavam dentro da cabana. Viu um cara tirar dinheiro e entregar para o outro e ela já achava que eles estavam jogando cartas. Mas descobre que tinham apostado que ela chegaria até a reunião:

"-Como assim vocês fazem uma aposta e nem me convidam para apostar junto. Quero ganhar uma grana fácil também."

Mostra os dentes em lupino, tentava se encaixar e ser engraçada, mas se lembrou que Roedores não queriam que você se encaixasse, queriam que você fosse você. Não queria quebrar aquele clima gostoso que os Roedores tinham quando estavam juntos, um clima que só eles sabiam proporcionar.

Lucian toma a palavra e se apresenta. Depois rola todas as apresentações dos outros membros. Jess fica em silêncio ouvindo tudo. Tinha ido com a cara de todos, mas se impressionou bastante com Lucian já saber sobre Tomás e sobre ela. Informações pareciam ser o forte do irmão de tribo. A cada apresentação ela baixava a cabeça, em tom de cumprimento. Tinham dois campos ali, Capuz e Delatores.

"-Faro Fino....que habilidade maravilhosa. Te invejo por isso."

E deu uma risada. Na apresentação de Jackie, ela baixa a cabeça por mais tempo. Ganhar o nome de "Mãe" para os Roedores era uma honraria muito grande e Jessica respeitava demais isso. Ela, um dia, também gostaria de ser chamada de Mãe. Achou impressionante que outro garou era marido dela. Mesmo ele sendo um Impuro. Ela ri de novo, sobre o comentário de Lucian a respeito de Chuta Bundas.

Nathan faz sua apresentação e realmente ele era lindo demais. Notou que nenhum membro ali era um Cliath e, onde estavam os outros Roedores? Eram somente aqueles? Mesmo sendo "a pior tribo do mundo" segundo todos as outras tribos, os Roedores eram numerosos. Em Sampa eram pelo menos uns vinte.

"-Olha bonitão..."

Dizia para Sem-Nome:

"-...não vou recusar comida não. Sabe como é né? Não sei quando vou ter a oportunidade de comer de novo. Apesar de que sei que na festa vai ter um monte."

Que diferença era estar ali. Que puta diferença. Queria uma matilha só de Roedores. Só com eles. Ia ser tão mais fácil, tão mais legal, tão mais fantástico.

"-Primeiro...fiquei com medo de você Lucian. Já sabe sobre Brilho dos Sonhos, meu nome, provavelmente minha vida. Já sei com quem devo falar sobre informações. Espero que não sejam tão caras. Segundo, Faro Fino, invejo tua habilidade de encontrar comida boa tão longe, sério. Invejo de verdade."

Para Jackie, com bastante respeito:

"-Mãe das Ruas, nossa, eu tento ajudar alguns moradores de rua há algum tempo e sei que isso não é nada fácil. No que eu puder ajudar, estou aqui, disponível para fazer alguma diferença. Chuta Bundas, me ensina a chutar umas bundas que tem um Peregrino da minha matilha que tá precisando que eu chute mais que a bunda dele."

Riu gostosamente do comentário para Allan. Para Nathan ela o olha com mais um tempinho, como se o admirasse:

"-Ah Nathan...foi aquele tonto do Pantaneiro que tu arrancou a grana? Cara metido da porra. Para você só confirmo por enquanto, tu é bonitão mesmo, caramba. Agora sobre arrancar grana dos riquinhos do Caern, bem, acho que podemos competir nisso para ver quem é o melhor ou a melhor."

Disse em tom de provocação para Sem Nome, piscando um olho em lupino.

"-Tenho uma coisa a mais para dizer...que bom estar com a minha tribo. Que alívio, que bom se sentir em casa. Mas...não seríamos em um número maior? Roedores sempre são em maior número nos Caerns, não?"

Se aproximou do galeto com olhos pidões de lobo. Iria pegar um pedaço com certeza.

A Ragabash ouve Nathan e já emenda:

-Opa....pode contar comigo para isso. Pantaneiro é um babaca. E concordo que os Fiannas são cuzões. Pior que minha Beta é uma Fianna, tudo bem que até agora ela não fede e nem cheira, mas vamos esperar para ver."

Ouviu sobre quem dera o dinheiro para os Roedores. Mas não os conhecia, ainda.

Não sabia sobre o quão importantes os Roedores foram para o Caern. Não que eles não se sacrificavam todos os dias, mas as mortes que resultaram disso com certeza foram imensas.

"-Não sabia disso. Vim de São Paulo e é claro que não ouvimos muita coisa daqui do Rio, além de que o Caern tinha caído e outro foi organizado."

Acena para Segredo das Quebradas em agradecimento e pega um pedaço de galeto. Come um pedaço e continua conversando:

"-Desculpa minha falta de educação. Acho que vocês já sabem quem eu sou e tal, mas vamos manter o protocolo né? Meu nome é Jessica dos Anjos, 99 Centavos, Ragabash, hominídea, cliath da melhor tribo de todas, Roedores de Ossos.

Comeu outro pedaço que tinha conseguido do galeto e continuou:

"-Então...do que se trata a reunião? Não quero atrapalhar os assuntos, acabei de chegar e tal e pretendo ajudar a tribo como puder."

Aguardava que a ou as pautas fossem jogadas na mesa.

Recebe algumas informações interessantes de Lucian. Informações bem úteis na verdade. Sem Nome tinha boa relação com os Presas de Prata e ela poderia ajudar no fortalecimento dessa relação ajudando Kiba, achava.

"-O Alfa da minha matilha é um Presas de Prata que disse que participava de uma matilha só de Roedores de Ossos, Bonde do Lixão. O nome dele é Kiba Valentine, Asa Solitária. Também tem uma Senhor das Sombras na minha matilha, a Olhos do Caos."

Comeu a última parte do pedaço de galeto e voltou seu olhar para Lucian mais uma vez:

"-Brilho dos Sonhos, o 'esquisitão' que vocês comentaram é um Andarilho do Asfalto. Ele me defendeu esta noite e acabou sendo punido. Gosto dele, apesar de ele não ter nenhuma experiência com matilhas e o mundo Garou, mas sinto que ele ainda não está aberto para aprender mais. Pelo menos não por enquanto."

E chegara a pergunta que ela estava esperando.

"-Meu começo de noite foi terrível. Fiz merda, crinei dentro de um carro e dilacerei o véu. Como consequência quatro travestis morreram. Fui julgada pela Philodox Cria de Fenris Âmago de Gunnr a ficar um mês na forma lupina, perdi renome e sabedoria, e preciso ver uma forma de ajudar as famílias destas travestis ou, caso elas não tenham família, ajudar outras quatro travestis a ter uma vida melhor."

Suspirou fundo. Falar aquilo era tenso para ela. Saber que o sangue de quatro pessoas inocentes estavam em suas mãos era bem difícil. Ainda mais pessoas das quais ela queria proteger. Mas a punição foi muito merecida.

"-Nossa missão era investigar a morte de travestis que foram encontradas mortas e sem sangue algum no corpo. Até encontramos uns vampiros e tals, mas eles são aqueles tipo cobra. O Peregrino da matilha foi atacado por uma travesti e ela nos deu as informações do nosso alvo. Local, nome, que era bispo da região oeste, mesmo que eu não saiba o que isso significa. Vocês sabem de algo? Parece que a presença de vampiros na região Oeste é bem alta..."

Os passarinhos de Lucian começavam a causar medo em Jessica. O garou era tão bem informado que não a impressionaria se ele soubesse que ela dilacerara um cara quando da sua transformação. Um cara não, um cliente.

Os comentários sobre Tomás a deixam perplexa, mas ele tinha sim salvação. Apesar de que Chuta-Bundas tinha sido bem grosseiro, normal de Ahrouns.

Ela baixa a cabeça sobre a piada. Seria bem engraçada mesmo se não fosse pelo resultado. As mortes das travestis. Ouve Mãe das Ruas e sem coragem de olhá-la nos olhos, responde:

"-Obrigada Mãe das Ruas. Eu tenho os documentos das travestis, seus pertences e um nome, William. Acredito que seja do cafetão delas. A procurarei depois."

Presta bastante atenção sobre o que Sem-Nome dizia sobre os vampiros e não deixa de comentar:

"-Pior que colocaram uma matilha recém formada para dar conta disso. Vou levar essas informações sobre os vampiros para minha matilha depois. Preciso ir investigar a região do antigo hospital psiquiátrico, que atualmente está desativado. A tal travesti disse que o covil dele é lá."

E ela lembrava de mais coisas sobre o vampiro:

"-Tem mais coisas....o cara que matava as travestis era um vampiro sem reflexo, que se chama Ian Lincon. o Tal Bispo. E a travesti que deu essas informações era um vampiro meio serpente. Acredito que está tendo alguma disputa entre os dois ou eles são a mesma criatura e está tentando nos emboscar. Não conheço muita coisa de vampiro além de que sugam sangue e precisam ser destruídos. Qualquer informação que vocês tiverem...agradeço demais e posso retribuir com alguma coisa."

Tinha algo a incomodando. Tarek ter bebido o sangue do vampiro.

"-E se um garou bebe o sangue de um vampiro? Vocês sabem o que acontece? Ouvi histórias sobre isso, mas essas histórias não pareciam se encaixar e eu nem investiguei mais a fundo."

Essa era uma informação bem valiosa.

Era bom saber que a matilha de Sem-Nome estava atrás do mesmo cara. Teriam ajuda na próxima noite para caçar esse vampiro nojento.

"-Com certeza. Estamos planejando atacar o hospício na próxima noite. Se seu Alfa conversar com o meu podemos trabalhar juntos para atacar esse tal Bispo. Como se chama seu Alfa? Posso ir conversar com o meu e falar do seu e sobre sua matilha poder ajudar, na verdade nossas matilhas se ajudarem."

E Faro-Fino já manda a real sobre a história de um grou bebendo sangue de vampiro. Jessica mostra os dentes em um sorriso feio e olha para Lucian, dando uma piscada. Mas volta o olhar para Faro-Fino, dizendo:

"O Peregrino da minha tribo bebeu o sangue do vampiro que nos atacou mais cedo. Nossa Theurge não detectou nada nele, mas como não sabemos o que pode rolar quando isso acontece, estamos um pouco preocupados. Essa informação pode nos ajudar em alguma coisa com as outras tribos? O que acha Segredo das Quebradas? E sobre o hospício? Algo de relevante na área?"

Segredo das Quebradas era muito bem informado e ela tinha acabado de conhecer ele, era certo que ele sabia de algo. Nem que fosse somente do hospício.

"-Falarei com Asa Solitária sobre o Alfa da sua matilha, Sem-Nome. Espero que consigam se ajudar para podermos acabar de vez com essa mácula da Zona Oeste."

Os segundos de silêncio não surpreendem a Ragabash. Aquela situação, quando contada por Olhos do Caos, já causara furor demais na matilha e ficaram bem confusos com aquilo.

"-Tô de olho nele desde que o conheci. Depois de ficar sabendo dessa do sangue que ele bebeu, eu já tinha decidido manter os dois olhos nele. E confiar no Peregrino? Não mesmo. As atitudes desse garou são bem estranhas."

Olhou para todos ali e resolveu não falar mais nada, por enquanto. Até tinha algo mais para falar, mas aparentemente era só ela que estava tagarelando. Deixaria seus irmãos falarem um pouco agora.

Por incrível que possa parecer, Jessica já não sentia mais fome. Isso era bom, deixava mais galeto para seus irmãos de tribo. A conversa sobre o vampiro meio que acaba e os outros membros falam sobre a situação da seita. Na verdade a situação política da seita.

Esse assunto era de interesse da Roedora. Apesar de sua tribo sempre ficar meio que nas sombras sobre isso, pois nunca tinham muita voz ativa e preferiam ficar mais alheios enquanto tentavam sobreviver.

Ouve com atenção que os Roedores eram financiados pelos Senhores das Sombras e sente que isso não era muito bom. Senhores das Sombras nunca eram confiáveis. Mas Jessica não podia duvidar do líder de sua tribo e sabia que as informações que ele tinha e as decisões que ele tomava eram sábias. Todos ali, exceto Jessica, eram de postos mais altos que um Cliath e tinham bem mais tempo no Caern. Então a Roedora apenas analisa nomes ditos, situações e o que estava de fato acontecendo no Caern do Rio, sem se pronunciar. Ainda era recente sua estadia ali e preferiria ficar de ouvidos e olhos abertos sobre os acontecimentos, pelo menos por enquanto.

Lucian questiona os garous se tinham mais alguma coisa para conversar. Jessica até queria falar sobre várias coisas, mas não achou que fosse pertinente para a reunião de tribo. Afinal, assuntos sobre seus contatos e conversas pessoais não eram pertinentes para a reunião de tribo. Mas reslveu fazer um comentário breve, nada de relevante:

"-Até gostaria de conversar sobre a política no Caern. Mas não tenho esse direito no momento. Mal conheço os garou da seita e preciso de mais tempo e muito mais experiência para isso. Então não tenho nada a dizer."

Olhava para o líder de sua tribo que a recebera tão bem que ela o considerava um irmão, um amigo. Na verdade a tribo dos Roedores de Ossos do Rio de Janeiro era muito receptiva, muito agradável.

A reunião tinha acabado. Era a vez da festa agora e Jessica conseguiu algumas informações e um possível apoio para acabar com o Bispo do oeste. Sua tribo, como sempre, superava todas as expectativas.

"-Sem-Nome...assim que ver meu Alfa eu comentarei sobre a sua matilha e os interesses em comum na queda desse tal Bispo. Agradeço a todos pelas informações que recebi. Caso precisem de alguma coisa de mim, só me procurarem."

E para Jackie:

"-Mãe das Ruas...estarei bem cedo aqui no Caern para pagar o Dogma do totem da minha matilha. Posso procurá-la depois do dogma realizado? Ou prefere que eu venha outra hora?"

A ajuda da irmã de tribo seria fantástica. Ela aprenderia muito com a Theurge e ainda mais com os outros garous da sua tribo.

Jessica meneia a cabeça em tom positivo para Mãe das Ruas depois da resposta que ela lhe dá e a Ragabash precisava conversar com Tomás sobre aquilo. Ele teria que estar presente para ajudá-la, fazia parte da punição dele. Tinha deixado o irmão de augúrio sozinho na Clareira Central e esperava que ele ainda estivesse por lá. Depois precisava falar com Kiba sobre a matilha de Sem-Nome. Já planejando fazer essas duas coisas, Jessica se despede de seus irmãos de tribo e deia os Alojamentos.

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OFF: Próximo Post: Clareira Central

99 Centavos não perde tempo procurando onde estava Lucian. Segue direto até a cabana da qual tinha comido o galeto e tinha tido a reunião dos Roedores. Adentra o local e tenta encontrar Lucian, dizendo:

"-Lucian...podemos conversar um pouco?"

Sem nem saber se o irmão de tribo estava por ali. Esperava que sim. A voz de Jessica carregava preocupação.

A Ragabash olha em volta para verifcar se não tinha mais ninguém e se aproxima de Lucian. Não estava brava com ele ou com qualqur membro de sua tribo por terem lhe oferecido o galeto. Não tinha como saberem que o dogma do totem da Asas da Esperança impedia que ela, Roedora de Ossos, pudesse comer aves. E além disso, ela gostou de todos os membros da tribo, sentia-se em casa, diferente de quando estava com sua matilha.

"-Podemos caminhar um pouco enquanto conversamos?"

Aproximou-se mais de Lucian, dizendo somente para ele ouvir:

"-Trago más notícias, vindas da Asas da Esperança."

E aguardou a reação do líder de sua tribo.