Clareira Central

Diante do convite das duas irmãs tribais, o Garou se aproxima delas. Ele não sorria, não era de seu feitio, mas ele cumprimenta-as de maneira respeitosa:

"- Boa noite, irmãs! Acabo de falar com o chefe, o Bit-Coins, e ele me passou que vocês duas eram as outras Theurges de nossa Tribo. Eu me chamo Camillo Duarte, nascido no meio dos homens, Skull-Head, Cliath Theurge e um filho da Barata."

Ele esperava elas se apresentarem para só então colocar a pauta de seu interesse na mesa:

"- Então, eu espero não estar atrapalhando vocês, mas eu tô com umas dúvidas. Eu sou marinheiro de primeira noite nessas terras, mas eu já saquei que a Umbra daqui precisa ter um trato diferente. Vocês devem tá mais tempo aqui, né? Devem saber o que tá passando e o que aconteceu aqui."

Ao sinal da philodox senta ali perto dela. Era estranho como pra ele aquilo era bom. Ele gostava daquilo de sentar e conversar. As rodas de histórias em volta da fogueira sempre foram aquilo que mais gostava do mundo garou.
 "- Tentaram... Acho que eu os enganei... Eu admito ser meio falso quando preciso... Teve uma hora que eu estava tão doido para cair no mundo e sair dali, que acho que segui todas as regras e todos acharam que tinha aprendido... Fora que minha boa memória sempre foi algo bom para peregrinos, lembrar a mensagem que precisa chegar ao outro caern, lembrar as histórias que não devem ser perdidas... Acho que queriam poder contar com isso rápido... E relevaram coisas, ou só cansaram de mim..."
 Suspiro ali lembrando do treino e de como era muito mais teimoso do que é agora. Como foram longas as semanas pra aceitar que era lobisomen é um problema ali para si e para outros. E ouve Sarah falar dos pais e da rigidez, levantar a blusa e mostrar as marcas.
 "- Ai.."  murmura ali olhando as queimaduras.
 *Ou os pais delas eram monstros ou ela ara bem sapeca.*
"- Minha mãe, acho que ignorou que eu seria isso, ou tinha esperança de eu não ser lobisomem e ser só parente. Só tive algum tipo de certeza que ela sabia quando a coisa começou a complicar e ela me carregou até o meu 'tio'."
 Da a intonação meio irônica na palavra tio, para deixar claro que ele não era tio de verdade.
 "- Meus tios, irmãos da minha mãe, quando criança me trataram como uma criança de vidro. Nunca pude fazer muita coisa. Mal tinha feito esportes até me descobrir lobisomem... Só sabia das coisas de humano e livros, pode se dizer que era um nerd quando criança... E o meu pai... Nem sei quem é... Ouvi dizer que estava morto mas nem sei se é verdade... E nem quero saber também mais... Nunca existiu mesmo..."
 Era visível ali a irritação dele ali ao falar do pai.
 "- Nem sei porque estou falando essas coisas... Mas já foi, e vou tentar mudar é bom de ter você por perto é que dá para te usar de mnemônico pra quando tiver perto de fazer besteira..."

O Presa de Prata sorri diante do comentário do amigo, logo em seguida retira a mochila das costas e começa a remexe-la.

- Temo certeza que sobrou uns trocados do táxi quando voltamos pro Caern....

Kiba encontra pouco mais de vinte reais em sua mochila. Não era muito, mas daria para tomar uma bebida como prometido. Assim que ajeito novamente a mochila as suas costas, notou que Grace o observava e havia acenado para ele.

O Presa de Prata havia feito o convite ao amigo de matilha, mas precisava ainda pagar a divida com o espírito do Caern e do rio. Olhou então para seu velho amigo e com o rosto visivelmente sem graça diz:

- Cara.... Toma uma lá por mim.... Preciso pedir desculpas pro espírito do rio e do Caern pela quebra da Litania.

Kiba estende então a nota de vinte reais para Jacob, esperando que o Garou aceitasse para só depois ir até Grace.

Victor escuta a ponderação e as perguntas do Philodox e fala de forma plácida:

"-Luke será um bom alfa. Eu me encarregarei disso. Ele so precisa ser guiado e quebrar a cara algumas vezes. O que eu também me encarregarei que aconteça de forma controlada."

Justiça-do-Predador dá mais um longo trago e observa o céu por um momento enquanto fala calmamente:

"Quanto a sua pergunta... Raiva. Fui tomado por fúria. Me virei, mas a minha real vontade era arracar a jugular dos bardos... E sim, eu tenho ciência que a matilha deles foi julgada e punida por Garous mais sábios e honrados do que eu, mas, depois das coisas que aconteceram, ouvir os Galliards cantando glórias e inclusive enaltecendo o seu alfa por quebrar a litania ao desrespeitar um ancião... É estranho. Eu costumo ser muito bom com as minhas emoções, até porquê tenho bem poucas, mas naquela hora foi demais. A verdade é que eu não pensei muito em política, na minha matilha ou na Tribo. Apenas agi e fiz merda, mas nao acho que o resultado para a minha matilha venha a ser de todo ruim. Algo de bom saiu disso."

Volta a encarar Sombra da Justiça.

"-Como punição pelos meus atos eu estabeleci que só poderei ocupar ou contestar o posto de alfa ou beta da matilha após ter reconhecida novamente minha honra e minha sabedoria. Acredito ser uma punição justa como acredito que vá reforçar a liderança de luke dentro da matilha em frente aos outros membros que também ficarão mais tranquilos e confortáveis em não terem um alfa e um beta dos Senhores das Sombras. Nesse ponto as opções de Luke ficam limitadas, para nao dizer singular. Pantaneiro e Alef se detestam, seria estupido e contraproducente colocar qualquer um dos dois como beta. Skullhead tem a aparência e o traquejo social de uma caveira, nao tem muito treinamento em combate e eh um theurge inferior ao lupino. O outro andarilho teve problemas após um ritual da Wyrm e também não é apto para a posição no momento. O que deixa o Lobo o Filho de Gaia como opção. Lukas corre com a gente, mas nao divide o elo do totem. Além disso fiz com que ele se desequilibrasse duas vezes essa noite sem maiores esforços e Luke pareceu entender as minhas intenções. Ele servirá bem de contrapeso para quando Luke me apontar como juiz, mas nao servirá como beta. Sendo assim resta a Luke o Sussurros Solitários. Acredito que um beta nacido de lobos facilitará o nosso trato com os outros de sua raça e fará a matilha ser vista com melhores olhos. Além disso ele é um Uktena e poderá aproximar o diálogo com seus irmão de tribo ou mesmo com os Wendigo. As pessoas são mais lenientes com os lobos e isso há de se tornar uma vantagem para nós."

Estrala o pescoço, dá mais um trago e continua de forma plácida:

"-Enquanto isso eu me manterei como juiz da matilha e prestarei meus conselhos e meu auxílio ao Alfa e ao Beta."

Brilho-dos-Sonhos percebe uma reação positiva de Renan e sorri ao notar que o Roedor havia gostado do machado. Tomás não entendia o motivo de gostar do rapaz, havia uma nítida atração, mas o lado racional do Andarilho entendia que não poderia haver nada entre os dois, tanto pela lei garou quanto pela orientação do rapaz. 

E mesmo sem ser muito bom em perceber os detalhes, Tomás havia entendido que se o rapaz tivesse algum minimo interesse nele, já poderia ter demonstrado, um Ragabash que não se importa com o que pensam dele poderia já ter deixado algum interesse nitidamente mais claro se assim fosse o seu desejo.

Mas nada os impedia em ser amigos, em lutarem juntos se isto fosse necessário, Tomás sentia que precisava de amigos e ainda não havia alguém dentro de sua matilha que de fato parecia estar interessado nisto. "- Sobreviva Renan, sobreviva diante do que estar por vir, esta é uma boa maneira de me agradecer. Você é legal comigo, merece a morte menos do que as outras pessoas. -" Tomás esboça um sorriso enquanto olha o rosto do Roedor, focando em seus olhos por alguns segundos até voltar a encarar as próprias mãos. "-Sabia que a palavra "Obrigado" indica que o individuo se sente na obrigação de cumprir um favor para o outro? E quando respondemos "de nada" ou "não tem de que" estamos isentando o outro individuo da divida, interessante, não é? -"

Thiago quase dá uma risada ao ouvir a pergunta da Sarah, não que fosse engraçado, mas nunca tinha visto ela em dúvida e era finalmente um momento que ele sabia mais que ela. E na verdade era bem provável que ele tivesse um vocabulário mais extenso que a boa parte ali. Em alguma coisa ele tinha que ser melhor.
 "- Mnemônico... Sarah, é... Sabe tipo versinhos que a gente decora para lembrar formular matemáticas, ou amarrar um lacinho no dedo para não esquecer de algo, aí o lacinho vira um estímulo para a memória que não quer perder. É isso... Tô algo simples e de fácil acesso para lembrar de algo mais complexo. Então, como vai estar por perto, acho que facilita eu olhar para você e lembrar dessa conversar e de me segurar... É só isso."
 A ouve dando um leve sorriso ainda pelo efeito de ter explicado algo a ela, que logo desmancha num suspiro.
 "- Eu sei... Vou ser melhor... E o Mohammed ficou também de fazer uma tutoria especial pra mim durante os próximos dias a tarde... Como dizem os grandes filósofos do futebol, bola pra frente que ainda tem jogo."
 Logo faz cara de criança pidona.
 "- Mas, posso ser só um pouco criança até o fim da festa só pra me despedir disso direito? Por favor? Eu só queria dançar um pouco ali. E prometo não dar em cima dos outros, pelo menos não descaradamente..."
 Dá um sorriso meio constrangido pra ela, falando aquilo é junto a mãos em pose de oração fazendo o pedido a ela.

Diante da resposta de Thamara, Skull-Head continua:

"- Eu imagino, Link. Só hoje a minha matilha, a Olhos da Tempestade, deu de cara com um Maldito enorme que comia outros Malditos e um carro assassino que corria no nosso plano e do outro lado. Tudo isso causado por uma Fúria Negra caída. Eu nunca tinha visto isso!"

Ele faz uma pausa, mas logo segue o raciocínio:

"- Tu sabe exatamente o que foi que aconteceu aqui para ela ter ficado tão instável?"

Victor arqueia um pouco a sobrancelha diante do comentário de Adam, mas responde em tom impassível:

"-Em minha antiga seita todo Philodox tinha o dever de se punir; em assembléia revelar a pena e o motivo da punição e então receber, ou não, uma punição complementar do juiz da seita. Eu nao achava ridículo. Mas se aqui as coisas são diferentes, essa será a primeira e última vez que isso acontece."

Acende mais um cigarro e oferece outro para Adam enquanto continua:

"-Se minha matilha vai engolir ou não, não importa. Temos um outro Philodox, se ele quiser vai poder completar a minha punição. E sim, eu sei o que fazer, só que eu conheci os membros da minha matilha há menos de 10 horas e ainda sei pouco sobre eles. Essa configuração da matilha permite um melhor controle da situação e dos membros e será mais favorável."

Kiba vê seu companheiro seguir em direção a uma das trilhas que daria direto na cidade e suspira. Queria poder bater um papo sem os olhares constantes do Caern, mas aquilo teria que esperar.

O Ahroun vira na direção de Grace e começa a caminhar, mas logo tem que parar para não cair no chão. Havia uma notável diferença entre andar na forma lupina e forma humana com aquela deformidade. Até que conseguisse se acostumar com ela, talvez fosse melhor lutar em hispo.

Kiba caminha com cuidado para não ir ao chão e assim que se aproxima de Grace e Rastro Invisível o Presa de Prata cumprimenta-as com um aceno de cabeça e diz:

- Rastro Invisível.... Grace.... Desculpe pela demora.

Ainda precisavam encontrar a mestre de rituais da Seita, mas como não sabia do que as duas estavam conversando decidiu esperar e ver sobre o que falavam antes de propor a procura pela Garou.

As palavras de Rastro Invisível pegam Grace em cheio. Ela olha para os Garou na Clareira, pensando que, infelizmente, também havia feito sua parte em tornar o mundo pior para os impuros.

- Há sim… sempre vai haver… -   se pergunta como ia ser a vida de sua filha naquele mundo. Por mais que ela fosse decisiva para o Apocalipse, era uma impura, e impuros e seus pais sempre recebiam desprezo naquele mundo.

- Pelo menos a comida é boa -   balança os ombros, tentando ver algum otimismo -  já são algumas horas sem se preocupar com caça ou dinheiro. Podem não gostar de vocês, mas não podem negar sua força, ainda mais quando vocês se unem… -  lança um olhar significativo aos Galliards impuros, com algo de admiração em seu olhar.

Sua obrigação de cuidar dos impuros órfãos podia se tornar algo ainda mais proveitoso. Poderia arranjar parceiros para Emily, quem sabe formar a futura Matilha dela.

Kiba então chega até elas e Grace o recebe com um sorriso calmo.
- Tudo bem, Kiba. Estava perguntando à Rastro Invisível quem é a Mestre de Rituais da Seita. É a theurge dos Filhos de Gaia que invocou o Boitatá!

* Luke acena positivamente com a cabeça ao ouvir as palavras curtas do lupino, que nitidamente preferiu se abster de responder suas perguntas. Em sua posição faria o mesmo, afinal não existia qualquer vínculo de confiança entre os dois Alfas. Isso deveria ser trabalhado se quisesse fazer maiores progressos. De qualquer modo, havia entendido o panorama bastante bem. Estavam controlando um território dominado pelo inimigo e matar vampiros de um por um não resolvia em nada o problema. Os maldidos eram como pragas, eles simplesmente continuariam aparecendo se não abalassem a estrutura de poder da Zona Oeste como um todo. Já tendo considerado as possibilidades, começa a articular o que poderia ser a única forma viável de fazer um trabalho efetivo. Responde em tom sério, deixando os rodeios de lado como sabia que era apreciado entre os nascidos em quatro patas: *
 
- Então vamos caçar e matar até eles aprenderem a temer nossa força, mas isso seria melhor feito com planejamento. Se eles tão por toda a Zona Oeste, isso envolve o meu território e o seu também. Vamo organizar nossas matilhas e caçar juntos, Ataca-a-Wyrm, ao mesmo tempo. Só assim vamos conseguir abalar os desgraçados.
 
* Termina de mastigar o ultimo naco de carne e limpa as mãos sujas de sangue uma na outra antes de estender novamente a mão ao lupino num firme cumprimento dizendo em tom de despedida: *
 
- Pense nisso. Da minha parte, vou fazer de tudo pra tornar a vida desses Sanguessugas um inferno.
 
* Apenas esperava uma resposta para partir. *