Clareira Central

A fala do Presa de Prata para o Fenris faz Degan se irritar e ficar com mais vergonha ainda daquele que devia ser seu alfa. 

Não há como dar razão a todas as palavras de Cura-o-Passado. Eu não sei de onde saíram os Presas de Prata de que ele fala, mas certamente não foi do mesmo lugar de Asa-Solitária.... Não se desafia um juiz em plena aplicação da Litania, seja ele de qual matilha ou tribo for.


O Wendigo apenas assiste ao enorme Fenris pegar Kiba como se este fosse uma pulga ou um filhote birrento e rosnar algumas palavras para ele. Isso surpreende o Oneida, que arregala os olhos para a atitude do Fenris. Ele nunca havia pensado que um membro daquela tribo pudesse ser tão flagrantemente respeitado em seu ofício por um filhote e não atacar o ofensor. 

Se Âmago-de-Gunnr é tão próxima dele, é possível que ele a tenha auxiliado no treinamento. Isso explica porque seu caráter se destaca dos demais Fenris que já conheci, agressivos e tolos como cães agitados em uma gaiola. Difícil dizer isso, mas no momento, essa juíza é quem eu tenho de mais próximo nesta matilha. Nunca imaginei que diria isso de um Fenris... 


Ele escuta bem as palavras de Sarah durante a punição. Cordas-Trêmulas iria cuidar dos Impuros nascidos no Caern. O veredito é justo, os Fiannas são conhecidos por seu preconceito espalhafatoso contra os Impuros e colocar a Galliard em contato com o que sua tribo mais desprezava vai aproximá-la das tradições e prepará-la para cuidar do Impuro que poderia estar carregando. O título em seu nome lhe fará lembrar de seu pecado para que não torne a violar a Litania. 

Quando Kiba diz que já havia violado a Litania antes, Degan cobre o rosto com a palma brevemente e suspira profundamente. Ele jamais teria pensado que um alfa dos Presas de Prata poderia ter cometido aquele crime antes. A situação não era boa para o Ahroun e a punição vem na forma de um ritual que o Wendigo jamais havia presenciado: A Maldição do Impuro. A pena é grave, porém justa, dadas as circunstâncias. 
Pelas palavras direcionadas ao Philodox durante um julgamento, o Presa de Prata também havia recebido a Voz do Chacal, o que Degan também vê como acertado. 

Pasmo e desequilibrado, o Presa parece tropeçar e cair perto do Wendigo, que permanece impassível. Ele ainda iria aplicar outras penas em ambos, e não faltaria com seu dever. 

" - Eu agradeço pela confiança, Âmago-de-Gunnr e Temido-como-Vulcão. Meu povo possui uma relação muito forte tanto com as Terras onde vive. Os elos culturais que firmamos e cultivamos com as Terras alcançam também o tempo, como em nosso totem e marca o espírito de cada um de nós. O que cada Garou faz, ecoa nas Terras da eternidade."


Ele balança a cabeça, indicando reprovação enquanto continua falando: 

" - Vocês violaram a Primeira Lei da Litania e macularam para sempre o solo deste lugar sagrado. Nós temos uma Lei que fala sobre isso: a última. Vocês, Asa-Solitária e Cordas-Trêmulas, ofenderam profundamente a Mãe e isso ecoa em todos os seus filhos e nos espíritos e manitou que habitam nestas cercanias. Como resultado disso, estes espíritos estão desgostosos conosco, e poderão nos deixar e trazer infortúnio para todos do povo-lobo que aqui vivem, causando a violação da primeira e última de nossas leis. Minha punição para ambos é que reparem o erro que cometeram no solo que pisam, fazendo as pazes com os espíritos-guardiões deste Caern. Vocês trouxeram mácula e desonra para o Espírito do Rio que corta este lugar e deverão buscar a paz com ele. Deverão alertar o Theurge da Seita para que o acompanhem, mas deverão ser vocês os responsáveis por apaziguar o espírito."


Degan não gostava de falar muita coisa de uma vez. Ele faz uma pausa e respira fundo antes de terminar a punição:

" - Além do Espírito do Rio, há mais um espírito que precisa ser acalmado: É a Serpente de Fogo, totem deste Caern. Ela nasceu da luz dos olhos das feras que habitavam nestas terras, segundo as histórias do Irmão Mais Novo, o Uktena, e sua fúria é lendária, mesmo nesses tempos. São os Uktena quem também contam que a cobra lhes ensina a manter seus segredos a salvo através de sua língua. Os dois Garou, esta noite, demonstraram não saber usar bem a língua que lhes foi dada por Gaia. Portanto, ao apaziguar e tratar com o espírito da Serpente de Fogo, aconselho cautela: São muitas as histórias de vezes em que ela queimou a língua e roubou as vozes daqueles que foram vê-la."

Espero que eles entendam a história. A Serpente de Fogo nasceu dos olhos porque é no olhar de alguém e na sua visão que vive o fogo de sua alma...

" - Esta é minha punição para ambos. E eu acrescento que julgamentos são rituais em si. Nós não falamos fora de hora quando nossos Theurges chamam os espíritos com quem comungamos. Da mesma forma, cada passo de um julgamento conduzido por um Philodox merece a mesma atenção." 

Isso é algo tão rudimentar que pensei que não seria preciso explicar, mas a presença de outro juiz aqui e o incômodo e inexperiência desse Presa de Prata me obrigam a isso. Questionar um juiz dessa forma foi de uma tolice tremenda. Eu entendo o ressentimento de nossa Fenris...

Degan falou a todo tempo com a voz séria e solene para que todos ouvissem. O próprio Wendigo parece sentir o peso da vergonha dos pecados de sua matilha em seus dizeres, e por isso acha por bem o último comentário.

Kiba ouve as palavras de Degan em silencio. Não tinha nada a questionar sobre a punição do Wendigo. Era claro que precisavam se redimir de seus pecados com os espíritos.

O Presa de Prata acena em positivo com a cabeça, deixando claro que havia entendido o recado e então Sarah toma a palavra.

Kiba pensa, pensa muito, se devia encerrar realmente a reunião ali, mas no fim conclui que seria o melhor a fazer. Tinha que conversar com as Fúrias Negras e ajudar Grace no que fosse possível. Com sorte, um pouco de sorte, ela não estaria gravida. Caso contrário...

O Ahroun suspira só de pensar naquilo. Para não deixar seus irmãos esperando por mais tempo ainda ele diz com uma voz extremamente irritante:

- Estão todos dispensados...

Dito isso, Kiba se vira para ir em direção a Grace, mas novamente cai de joelhos no chão. Ficar de pé era difícil demais e aquilo o dava raiva, muita raiva, porém o Ahroun prefere manter-se em silencio. Com dificuldade Kiba se põe de pé e caminha arqueado em direção a Grace dizendo:

- Temos que procurar as Fúrias Negras...

As coisas acontecem tão rápido que Jessica poderia jurar que o Uirapuru estava por perto. Mas não eram coisas boas. Kiba era reincidente em ter um impuro, enfrenta um juiz em seu julgamento, e não era qualquer juiz. Era Um Cria de Fenris que poderia com uma passada de mão, fazer voar metade daquela matilha pela floresta do Caern.

A força e imponência daquele Philodox deixam Jessica impressionada demais. Se ele quisesse esganar Kiba, o faria como se fosse um boneco de papel.

Jessica presta bastante atenção às punições. Kiba recebe um rabo de impuro e a voz do chacal. O rabo, dado através de um ritual muito novo para a Roedor, faz com que o Alfa caia no chão. Grace recebe a punição de criar 3 impuros do caern e perde o cargo de Beta.

Tinha pena, não de Kiba ou de Grace, que recebiam as punições conforme a sociedade garou estipulava, mas de Sarah. Aquela noite para ela estava sendo muito cansativa e com toda certeza vergonhosa.

Degan vai fechando as punições com chave de ouro, enquanto que Sarah determina o fim do julgamento. A Clareira Central estava lotada e todos, absolutamente todos os outros, filhotes, garous, parentes, olhavam para a Asas da Esperança. A matilha não parecia ter esperança alguma no momento, apenas desesperança.

Kiba encerra o julgamento dispensando todos os membros da matilha. Tenta caminhar e cai no chão. A Roedor apenas o observa e ainda não acredita que ele já tinha feito sexo com outra garou e não tinha aprendido. Não sabia se preocupava mais com sua matilha inteira, com Grace, Sarah, Kiba ou outra coisa.

Mesmo dispensada, Jessica permanece estática no mesmo lugar. Ainda não acreditando no que tinha acabado de acontecer.

Asim que ouve que foi tudo finalizado o peregrino segue até Kiba.
"- Se apóia aí em mim que te dou uma ajuda ai para se equilibrar, igual fez antes para comigo..."
Oferecendo o ombro para apoio ali e ajudar ele a andar, como Kiba fez quando desceram do táxi.
Estava pouco se importando sobre o que iriam falar dele, de ser o tarado que ajuda o punido pai de impuro. O cara já tinha a punição e não precisava de mais por agora. Precisava de apoio, e matilha ou família era isso, apoio quando se está perdido. Por mais que para muitos aparentemente garou era exercito e comandados e não com quem se convive. Thiago sempre soube bem a diferença de amigos e seguidores.
Diminuiu a voz falando para ele.
"- Desculpa... Não tinha como ajudar e falar algo... Mas estou aqui no que der..."
Tenta lhe dar um sorriso típico seu para aliviar um pouco a tensão.

Kiba nota a aproximação de Tarek ao seu lado e, definitivamente, não esperava a reação do Galliard. O Ahroun chega a sentir os olhos marejarem, agora que tudo tinha acabado, mas se controla como pode.

Aceita sem conseguir dizer nada a ajuda do companheiro de matilha e se apoia em seu ombro, apenas agradecendo com um aceno de cabeça.

O pedido de desculpas de Tarek é recebido com um novo aceno de cabeça e, assim que Kiba havia controlado suas emoções, respondido:

- Você fez o certo... Obrigado.

Grace escuta as punições de Deganawida, que eram justas e até necessária ao seu ver. Quem dera tivesse sido ele o escolhido para julgar as transgressões desde o começo. 
Faz um aceno de compreensão para o Wendigo e fica aliviada quando o julgamento termina. Queria que todos ali fossem embora, menos Kiba talvez, para que ela pudesse refletir e absorver o baque de tudo o que havia passado. 

Mas o baque ia demorar muito mais pra passar, como ela percebe ao ver a dificuldade do Ahroun em se colocar de pé, e a horrível Voz do Chacal que saia da boca dele, que a fez franzir os olhos e virar o rosto, mas sua vontade era tapar os ouvidos. 
- Eu falo com elas - diz a ele em voz baixa.

Estava tentando pensar em alguma maneira de ajudar Kiba a se levantar quando Tarek resolve dar o ombro a ele. Grace não queria que outra pessoa, estranha ao acontecido, estivesse com ela e Kiba naquele momento tão delicado com as Fúrias Negras, mas parecia a melhor opção para não perderem tempo. 

- Vamos - diz com seu semblante abatido, liderando o caminho, mas sempre olhando para traz para ver se eles conseguiam acompanhá-la - Asa Solitária, você encontrou uma Fúria Negra hoje. Acho que poderíamos pedir a ela para nos levar até sua líder.

Kiba nota que Grace estava tão abatida quando ele, algo que ele já imaginava que aconteceria, mas tentava não pensar nisso e sim em como iria falar com as Fúrias Negras.

Grace iria ser a dona das palavras enquanto ele ficaria ao seu lado para ser o saco de pancadas e olhares de reprovação. Justo, ao seu ver.

Assim que começam a andar o Presa de Prata pensa sobre a Fúria Negra que havia encontrado no inicio da noite e diz:

- Rastro Invisível é o nome dela... Talvez elas estejam em reunião de Tribo ou se preparando pra festa... Vamos dar uma olhada...

Thiago ajuda a Kiba não só por ver nele o cara que foi legal com ele, mas por ter quase a certeza que ele seria quem o ajudaria se fosse contraia a situação. Era um pagamento de moeda de confiança a pessoa e não a qualquer estereótipo de tribo ou lua. Ainda falando baixo responde.
"- Eu sei... Do jeito que me olharam quando cheguei e me chamam de tarado se eu falasse qualquer coisa iria só piorar para vocês..."
Olha para Grace e da a ela um sorriso pequeno tentando dar alguma confiança e sou dizer que ela vai falar.
"- Nem está tão ruim assim quanto o outro pato Donald ali a voz do Kiba..."
Fala baixo mas tentando animar um pouco os dois do seu jeito torto de ser e sem querer querendo falando mal do Tomás.
Com Grace liderando o caminho eles seguem, e thiago se aproveita para olhar para trás e ver o rabinho de Kiba que sai para fora da camisa.
* Eita coisinha feia... Vai ter que ficar usando casacão nessa cidade quente o tempo todo para disfarçar isso...*
Thiago espera que os dois, o casal, falem sobre encontrar as fúrias negras. E se lembra do conselho de tomar sempre cuidado com elas e nunca entrar nos domínios delas a ter permissão. Eram boas mas só quando queriam abrir suas portas a um macho, caso contrário...
"- Quando chegarem as fúrias eu me afasto... E espero depois pra ajudar o Kiba até ele se acostumar a andar assim... Não precisa ser um gênio para saber que precisam de espaço a sós... Estou só de muleta aqui..."
Fala sério ali apoiando o Kiba e olha Grace, ainda pensando no conselho sobre ter cuidado com as fúrias, só rindo um pouco no final quando se refere como muleta.

Grace estava esgotada, mas precisava novamente usar sua voz e suas palavras. Sentia-se como quando tocava um instrumento por tanto tempo que seus dedos começavam a sangrar, e mesmo assim, continuava tocando, pois sentia que precisava terminar a música. 

"Se hoje fosse uma música seria uma rapsódia. Ou um requiem..." 

Vira-se para Kiba, pedindo. 
- Se conseguir encontrá-la, me aponte quem é.

*O julgamento é feito, punições são dadas, rabos são deformados, será que toda noite vai ser assim? Talvez seja divertido.* O pensamento de Tomás o diverte enquanto ele se segura para não rir, logo a matilha é dispensada enquanto Kiba fica caído ao solo, tão rápido quanto um Alfa percorrendo o Caern com o pênis batendo no queixo Tarek se enfia embaixo do braço do profanador da Litania para ajuda-lo a se levantar. Oportunismo? Talvez, Tomás não se achava digno de julgar, também já sentiu vontade de ter contato com o Valentine.

*Olha só, que bonitinho, Tarek foi lamber as feridas do objeto de desejo dele.* O humor de Tomás acaba se expressando fisicamente com uma revirada de olhos que ninguém notaria por já estar olhando pro Alfa, por fim Brilho-dos-Sonhos acaba desdobrando a manga de sua camisa (que era de manga longa) e a retirando como se o calor começasse a incomoda-lo, agora ficava ele com a camiseta rosa com a estampa da Marilyn Monroe, uma bolsa masculina pendurada no lado direito e uma bolsa feminina junto, um tipo de coldre que prendia seu machado nas costas por cima da camiseta e um headphone pendurado no pescoço ligado ao toca-discos preso na cintura da sua calça, a maneira flexível, altiva e um pouco feminina de Tomás andar parecia uma provocação ao Kiba debilitado e com a camisa em mãos o Ragabash para na frente da dupla com dores traseiros os impedindo de andar, então da a volta neles e sem perguntar amarra a própria camisa nas costas do Alfa com as mangas deixando a parte grande da camisa tampando suas intimidades. "- Vire e mexe da para ver seu pênis, inclusive quando o "Temido-como-Vulcões" te levantou o fazedor de problemas ai pulou junto, você cometeu um erro, mas ainda tem alguma honra, vamos cobrir suas vergonhas físicas primeiro e o resto a gente arruma com o tempo-" Tomás então da a volta e se posiciona de frente para o recém-punido, mas não o olha nos olhos, acaba por ficar encarando o céu acima da cabeça de Tarek. "-Tenha forças, meu colega, porque a sorte e o juízo a nossa matilha perdeu faz algum tempo...-" Tomás então vira de costas e passa a se afastar da matilha apenas para olhar para onde Sarah iria, pretendia falar com a moça, ainda assim ele para um momento para continuar a falar. "- Ah, e a propósito, se for menina, poderiam colocar o nome de Iara, poético, não é?-" Por fim o rapaz se afasta o bastante para não precisar ouvir mais nada da própria matilha, tentaria seguir Âmago assim que percebesse o rumo que a mulher tomasse.

Tarek para ao notar o ragabash ali amarrando a camisa na cintura do Kiba, facilitando o serviço do garou. E o ouve falar sobre cobrir as vergonhas, o peregrino ali não tinha certeza se ele falava sobre a genitália ou sobre o rabo do Kiba. E naquele momento até achou Tomás de um cara legal.
Mas fez uma cara confusa ao ouvir as outras palavras do garoto da camiseta de Marilyn Monroe. As palavras de incentivo mais sem incentivo que já tinha ouvido.
* Tenha força porque tudo está errado, sério? Se continuar assim a gente muda o nome da matilha também... Porque nossa...*
"- A gente vai dar um jeito... Junto... Resolveremos a dificuldade e ter pedras no caminho é o primeiro passo para glória... Lembra, esperança."
Sem muito humor o Galliard interpela ali as falas do Tomás na tentativa triste dele de dar um incentivo só apontando os problemas. E fazendo então aquilo virar algo mais real como incentivo. Nem culpava ali Tomás de errar um pouco as palavras, afinal já tinha notado que as vezes ele parecia meio travado para falar e interagir socialmente como foi com Bit-Coins na hora de pedir equipamento.
Mas, logo em seguida, o andarilho faz uma piadinha, que aos olhos do peregrino veio com tom bem malicioso e apenas com a função de alfinetar a possibilidade de Grace estar grávida e colocar dedo na ferida da quebra da lei de ambos ali. 
Thiago tem a noção que o preconceito, comentários jocosos e alfinetadas, ao impuro e aos progenitores eram grandes e faziam parte também cultural da sociedade garou e da punição que recebiam, passar vergonha era parte, mas não esperava já assim vir rápido e de dentro da matilha aquilo. E nem vir do cara que tinha ali amarrado a camisa e tentado dar um incentivo e se perdendo nas palavras.
* A menos que ele esteja jogando e se fingindo de perdido e quietão, fazendo esse esquema aqui de morde e assopra... Qual a dele?*
Estava ali bem confuso sobre o que pensar do Andarilho. Que num momento parece legal, depois faz piada, depois ameaça, aí faz outro ato legal e no fim manda um comentário daqueles. Seria só uma piada desencaixada? Não parecia muito. Parecia bem proposital.
Fecha a cara um pouco e conforme o andarilho se afasta bufa em meio as reflexões sobre que opinião ter acerca do Andarilho.
"- Depois eu é que faço piada e comentário impróprio e no momento errado..."
Pensa em Mohammed, seu líder de tribo, e bufa novamente ao ar, voltando a ajudar Kiba a andar.

Tarek, aquele que ela tinha que ficar de olho, segue para apoiar o Alfa com defeito de Impuro. Ele queria mesmo só ajudar ou queria algo mais? Apostava mais na segunda opinião. Mesmo ele vendo o julgamento e do que realmente se tratava, o Peregrino parecia não se tocar que as ações dele poderiam causar o mesmo problema que causara ao atual Alfa. Imaginava como Grace estava abalada por aquilo. Ainda mais se estivesse grávida.

Não chega a ouvir as conversas entre Tarek, Kiba e Tomás, porque estava muito atônita ainda tentando engolir toda aquela confusão que a matilha tinha passado. Na verdade nem queria ouvir nada naquele momento. Levantou os olhos na direção de Sarah, depois Zvanna e Degan. Parando o olhar nesse último, como se buscasse alguma orientação.

Âmago-de-Gunnr encerra o julgamento logo depois da punição do Wendigo e Kiba dispensa a matilha. 

Degan se afasta dos dois transgressores e vai até a Philodox que havia conduzido as punições daquela noite: era nítido que ela estava abalada e ela tinha todas as razões para estar. O Wendigo também estava experimentando uma mistura de sensações de raiva, frustração e dúvidas.

Eu nunca pensei que fosse encontrar um grupo de Estrangeiros-da-Wyrm tão indisciplinado como esse. São muitos julgamentos e muitas violações às Leis Sagradas em um só dia... Nem quando ouvi falar dos rituais de Segundo Nascimento, por conta de irmãos loucos e canibais eu não pensava em números como esses.

Degan se aproxima de Âmago-de-Gunnr, a única de sua matilha que talvez lhe entendesse. 

" - Você cumpriu com seu dever está noite. Eu nunca pensei que veria tantas violações desse jeito. Este lugar ainda me é muito estranho."

As palavras dele são honestas. Talvez ela pudesse lhe falar sobre como era a vida ali até então, ou mesmo lhe dizer suas impressões (nada boas) sobre o julgamento.

O Wendigo sabe que era duro, no entanto, e não espera muito. Saberia a hora de deixar a Philodox a depender de sua reação...

Tomás percebe que os dois juízes seguem rumo para uma trilha enquanto conversam. Brilho-dos-Sonhos passa a segui-los me silêncio. Prefere não interferir na conversa de ambos esperando a deixa para falar com Âmago.

Grace toma o gesto do Tomás como uma tentativa de ajudar, apesar de sua língua ferina de Ragabah que ficava ainda mais desagradável com aquela voz deformada. Por mais que não conseguisse ter a esperança que Tarek tentava inspirar, sentia que o Galliard estava se esforçando para motivá-los. Aprova as atitudes de ambos. Parecia que, pelo menos parte da Matilha, estava lhes dando apoio.

Queria agradecer Tomás pela maneira como ele havia os defendido no julgamento, e tinha visto ali uma oportunidade para isso. Porém, a provocação lhe tira qualquer vontade de ser gentil com o Andarilho. Ela o fuzila com os olhos, com tamanha raiva saltando de seu semblante que por um instante parece que ela vai avançar para cima dele.

Mas apenas se inclina para frente, descarregando impropérios em irlandês.
- Feisigh leat! A bhastaird bhreallgnúisigh. Gabh Transna Ort Fhéin*, gobshite! - - diz a última palavra com desprezo, e continua seu caminho.

OFF:
“Vá se fuder. Bastardo cara bunda. Vá se fuder atravessado.”
Gobshite: Xingamento a alguém que fez algo imperdoavelmente estúpido, que afeta a mais de uma pessoa

Thiago vai ajudando Kiba a caminhar e enquanto isso tentava aliviar um pouco a pressão da situação com as rotineiras piadas. O Presa de Prata nem iria mais questionar. Na verdade quando não estavam todos reunidos aquele comportamento não incomodava tanto o Ahroun.

Grace havia pedido ajuda para encontrá-la e Kiba já a procurava com os olhos. Em um instante Tomás estava em sua frente e o Presa de Prata não entende o motivo até que o Andarilho amarra sua camisa em sua cintura.

Kiba encara a roupa amarrada em sua cintura enquanto Tomás comentava sobre o ocorrido, tentando, do jeito dele, desejar forças ao Presa de Prata. Sem comentar nada, Kiba apenas acena com a cabeça, mesmo sabendo que ele não estava olhando.

Quando pensa em andar novamente escuta a piadinha sobre o nome para caso Grace estivesse grávida. Achou desrespeitoso. Podia zombar o quanto quisesse dele, mas não podia permitir aquilo sobre outro membro da matilha.

O Presa de Prata olha para trás e Tomás já estava indo para junto dos demais. O comentário de Thiago é concordado por Kiba com um aceno de cabeça.

"Relaxa... Relaxa..."

Ele repetia em sua cabeça enquanto voltava a olhar pra frente e escutar Grace xingando alguma coisa em sua língua natal.

Assim que voltam a andar Kiba nota Rastro Invisível reunida com outras mulheres. A julgar pelo grupo, provavelmente eram as Fúrias Negras da Seita.

- Ali... Aquela é Rastro Invisível... Elas devem ser as Fúrias Negras.

Diz o Ahroun enquanto apontava com o nariz para o grupo. Tirou então o braço do ombro de Thiago e tentou manter-se de pé. Era difícil, muito difícil, mas ele tinha que ir até elas sem ele.

Kiba da dois tapinhas nas costas de Thiago em sinal de gratidão e então olha para Grace, que deveria ser quem falaria pela dupla.

Degan apenas gesticula com a cabeça: Ele podia entender a juíza. Em outra situação, ele faria o mesmo. 

Gaia, por quê escolheu essas tribos para manter distantes do conflito? Por quê meu povo, que não se afastou de suas Leis e tradições em 500 anos têm de suportar as primeiras lutas do Apocalypse que se avizinha?

O Wendigo, ainda cheio de dúvidas, precisava entrar em contato com o restante da matilha que ali estava. Ele mira em volta e vê que Brilho-dos-Sonhos estava próximo. O Garou faz com a cabeça para que o Ragabash o siga e se aproxima de Jessica, dos Roedores de Ossos. Ele fala e sua voz ainda é solene, apesar de haver certo pesar em sua figura, primeiro mirando o Andarilho do Asfalto:

" - Seu testemunho foi útil e serviu para condução do julgamento. Você cumpriu bem seu papel, Brilho-dos-Sonhos."

Este Garou possuía muitas dúvidas desde o começo da noite. Ele ainda vem de uma tribo que comunga excessivamente com a Weaver, mas a coragem de falar diante de um ancião e o fato de não se enrolar ou piorar a situação para si sendo o portador da Voz do Chacal já indicam que ele está aprendendo...

" - 99 Centavos, vejo que possui muitas informações úteis para compartilhar. É um bom trabalho. Por favor, diga-nos um pouco do que descobriu. Será útil saber um pouco mais sobre este Caern e sobre o tipo de ameaça que as outras tribos enfrentam."

Conversar com estes dois poderá tirar um pouco de todo o processo penoso que foi este duro julgamento, afinal, o inimigo ainda está em movimento e preciso aprender tudo o que for possível sobre esta cidade. Brilho-dos-Sonhos também poderá entender melhor essa comunidade se ouvir de sua companheira de augúrio... 

O Wendigo está cansado, mas não mais do que a Fenris. Seu semblante ainda é sério, mas todo o pior parecia já ter passado e é nítido seu desejo de aprender mais com os dois ali.

Tomás percebe que perdeu a oportunidade de ir falar com Sarah ao notar que Degan decidiu se aproximar dele e manda-lo seguir o Wendigo, sem contrariar o fez e deste modo se aproximaram de Jéssica, Tomás não se surpreendeu quando o homem elogiou seu desempenho no julgamento, Brilho-dos-Sonhos parecia ter alguma resiliência em demonstrar surpresa diante qualquer coisa, além de que o Ragabash já havia notado em Degan algum grau de sabedoria e lógica que não haviam nos outros garous cegos por seus lados emocionais, tão facilmente provocados com palavras qualquer. 

Com um gesto com a cabeça Tomás demonstrou ter entendido e recebido o elogio de Sangue-dos-Quatro-Ventos e então o mesmo se dirigiu a 99-Centavos elogiando a obtenção de informações da moça. Como Tomás detestava a diferença de altura entre ele e Jéssica, decidiu sentar no chão com as pernas cruzadas e deu um sincero sorriso para ela. "-Eu disse que tinha feito um bom trabalho, sua tribo tem habilidades incríveis.-" Brilho-dos-Sonhos tentava passar sinceridade, já havia ferido sentimentos demais para uma noite. 

Apesar de Degan falar para a Roedora expor o que havia descoberto, Tomás se manifesta. "- Com licença Sangue-dos-Quatro-Ventos, mas quero lhe ressaltar um detalhe, talvez você não tenha notado muito bem, mas Sarah esta escondendo a real frustração dela. Eu estudo comportamento humano a muito tempo, sou muito bom nisso, durante o julgamento Âmago apresentou tiques de comportamentos e maneirismos de fala... diferentes, certamente por ela pertencer a tribo que pertence, ela tem uma ótima "armadura" para esconder como de fato se sente, quer saber a verdade? Ela esta... destruída, é mais do que estar decepcionado ou triste ou cansado, é mais do que qualquer outro da nossa matilha deve ter percebido, mais do que esperam que um Juiz pode sentir, nesta noite uma das garous mais ligadas ao mundo garou se viu dividida entre a própria matilha e a família dela, aquele homem imenso que é cunhado dela teve um enfrentamento com o Alfa que nos comanda e supondo que ele já tenha sido mestre dela pela maneira que ela agiu e o fato dela ter o chamado para ajudar a resolver o problema... acho que a nossa colega, Âmago-de-Gunnr não vai deixar isto passar, se não formos... ou talvez somente você porque ela deve achar que eu e Jéssica somos um nojo, enfim... se ninguém for conversar com ela, talvez ela decida tomar alguma ação muito radical esta noite, ela esta certamento muito abalada, o tipo de abalo que fazem mães jovem abortarem. -" Brilho-dos-Sonhos parecia completamente incapaz de demonstrar sentimentos ao falar aquilo, observa-lo poderia gerar angustia porque ora ele parecia completamente indiferente e ora parecia sentir algum humor em sua expressão, mesmo que depois de sorrir para Jéssica ele falasse tudo aquilo encarando o chão de tal modo que muito aprecia que ele estava falando para si mesmo.

Grace ainda parecia ter uma montanha de palavrões engatilhados, contidos por sua boca fechada, já que não adiantava mais falar depois que o Ragabash já havia ido embora, mas aos poucos se acalma. Procura a Garou que Kiba aponta como Rastro Invisível e concorda que as outras com ela deviam ser as Fúrias Negras.

Vê o Ahroun se desvencilhando de Tarek e aproxima-se deles, olhando para o Galliard.
- Obrigada por ajudar Asa Solitária, mas agora precisamos seguir sozinhos…

Passa seu braço pela cintura de Kiba, fazendo um discreto carinho com sua mão, e cochichando para ele.
- Apoie-se em meu ombro se precisar. Vamos andar devagar.

Kiba sente o braço de Grace envolvendo sua cintura e escuta o pedido dela. O Ahroun concorda com um aceno de cabeça e coloca a mão sobre seu ombro da Galliard, contendo-se para não retribuir o carinho, por saber que aquilo certamente seria mal visto por quem quer que olhasse para a dupla.

- Vamos...

Diz o Presa de Prata em baixo tom e acompanhando Grace com cuidado.

A voz do chacal de Brilho-dos-Sonhos é irritante, mas o Wendigo ao menos via que ele tentava. O Ragabash ia bem até mencionar que estudava psicologia e comportamento humanos. 

Ele ainda não desistiu de ser totalmente humano. Ainda terá muito o que aprender. Gaia, dai-me paciência, eu vou fazer com que ele entenda. 

" - Eu já falei com Âmago-de-Gunnr e nós conversaremos mais tarde. Foi um fardo pesado o de conduzir este julgamento, e as transgressões à Litania foram severas. Ela precisa refletir sobre tudo o que aconteceu aqui e descansar... E nós também. Mas não vamos tirar nada de bom disso agora, nem ela. Ainda assim, temos trabalho a fazer, e esta é uma boa oportunidade para começá-lo."

De fato, ele também notou que o abalo em nossa Mediwiwin, especialmente com a falta de respeito com seu Okwanada. É algo importante para ela. Espero ter a sabedoria de poder tornar isso mais um motivo para lutar ao nosso lado...

Ele se volta para o Andarilho do Asfalto:

" - Eu entendo que queira ajudar com o que sabe. Mas você precisa compreender que é apenas parte humano. Uma parte importante, mas não menos do que seu lado lobo. Amanhã quero que nós três tenhamos uma conversa sobre a Litania e a Tríade. Será conhecimento novo, e eu me interesso em saber como pensam os Roedores de Ossos sobre nossas Leis."

Degan não perde a calma. O peso do julgamento e de ser o centro das atenções o lembravam a toda hora que ele era o "stranger in a strange land*" das canções do norte. Se irritar diante da inexperiência ou do fato de haver tribos mesquinhas ali não iria lhe fazer mais sábio, mas talvez a paciência em ouvir o fizesse.

OFF: Mediwiwin = juiz das Tribos Puras
Okwanada = termo respeitoso para um Ancião no idioma Oneida.
"Stranger in a strange land" é um romance popular de ficção científica dos EUA que fala sobre Marte, espaço e sobre como o "outro" pode ser hostil. Também é uma referência às músicas do Iron Maiden de mesmo nome e ao refrão de "Whisper a prayer for the dying" de Dave Coverdale e Jimmy Page.