Clareira Central

Thiago olha Grace e não precisava saber outro idioma para ver que o que tinha falado eram palavrões. Era só ver a expressão em seu rosto. Caminha com os dois até verem a frente as fúrias negras.
* Estou entendendo o perigo...*
Assim que Kiba o deixa ele arruma as postura e abre um sorriso galante direcionado as fúrias. Em especial duas dela ali.
"- É, então, boa sorte lá e sabe que pode contar comigo, os dois, porque o peregrino aqui é o apoio e ombro amigo para seus momentos de necessidade..."
Falaram aquilo meio alto como se quisesse impressionar e se fazer ouvir de alguma forma ali pelas fúrias e depois tomando o tom de voz normal.
"- Bom eu espero vocês aqui para gente voltar.... Aliás, me chamem se precisar... Estou começando a ter uma idéia aqui e vou agilizar isso, eu acho... Então, boa sorte..."
Estava para ir e dar um abraço nos dois mas parou pois acabar fazendo ali Kiba perder o equilíbrio, apenas acena e sorri, dando de novo um sorriso direcionado para as fúrias depois e então vira as costas e corre de volta. Precisaria conversar com Deganawiga.
* Matilha, política, esperança, quebra da lei... Eu sei sobre o que quero cantar, mas e eles o que querem?*

Quem a tira daquela transe estático é a voz e presença de Deganawida. O Philodox estava acompanhado de Tomás. Meio atordoada ainda ela mostra os dentes, mas de forma breve.

Ouve o elogio para o Andarilho e se sente bem em saber que Tomás estava se saindo bem e que realmente precisava somente de um tempo sozinho ara digerir as coisas. Jessica precisava falar com ele sobre a ajuda de Mãe das Ruas com as travestis.

Quando seu nome é dito por Degan, ela o olha para prestar bem atenção no que o Juiz tinha a dizer. Não teve tempo de responder, quem toma a palavra é Tomás.

Jessica abre outro sorriso, desta vez para Tomás. O Andarilho a elogiara pela segunda vez e elogiava sua tribo, mesmo com aquela voz horrível era bom receber elogios. Isso a agradava, mas ela sabia que não podi seu ego inflar com muitos elogios ou iria cometer erros por conta disso.

A ragabash se aproxima de Tomás e se deita ao lado dele, prestando a atenção na conversa entre o Ragabash e o Philodox. Seus olhos miravam em quem tinha a palavra naquele momento.

A conversa era sobre a situação mental de Sarah. Coisa que Jessica tinha percebido, não naquela profundidade, mas percebera que ela estava cansada. Jessica então começa a dizer o que tinha descoberto sobre o Bispo, mas sua voz era triste, carregada de pesar:

"-Eu gostaria de ter descoberto mais coisas, mas a matilha do meu irmão de Tribo, Sem-Nome, também está a procura do Bispo do Oeste. Ele sugeriu que Kiba fosse falar com o Alfa da matilha dele para que juntassem forças para matar essa criatura."

Colocou a cabeça sobre as patas dianteiras, olhando ao longe na floresta e tentando esquecer aquele maldito julgamento. Ainda não entendia porque Kiba tinha ferido a litania uma segunda vez.

"-Sem-Nome também disse que ele e seu Alfa, Garras do Falcão Noturno, enfrentaram o guarda costas do Bispo uma vez e quase morreram. O cara parece que molda o próprio corpo de alguma forma e tem um exército de criaturas de fogo."

Continuava com a cabeça sobre as patas e continuou dizendo:

"-Tomás...a Theurge da minha tribo tem muitos contatos nas ruas e se ofereceu para ajudar com as travestis. Se estiver disposto amanhã, depois do dogma cumprido e da conversa com Degan, podemos já dar andamento nisso. Qualquer coisa eu vou com ela e te passo o que descobrir depois."

Desta vez ela olha para Degan primeiro:

"-Obrigada pelo elogio Deganawida, mas sinto que estou falhando demais com essa matilha, com este Caern e com Gaia. E vendo estes acontecimentos recentes com nosso Alfa, no caso da reincidência da quebra de Litania junto com a Grace, isso me deixa bem desanimada."

E olha para Tomás, toca-o na perna com o focinho:

"-Obrigada Tomás por me elogiar também e por elogiar minha tribo. Você, como Deganawida disse, fez um ótimo trabalho hoje no julgamento. Está aprendendo muito rápido as coisas...não duvido que em menos de uma semana a sua punição seja revogada."

99 Centavos estava realmente bem para baixo, retorna sua cabeça até as patas dianteiras e continua conversando:

"-Tenho receio sobre a situação de Sarah. Como Tomás disse, ela pareceu bem cansada. Se eu puder ajudar em alguma coisa, por favor...me avise."

Fora que tinha a situação do Peregrino ainda. As palavras de sua tribo foram bem diretas: Não confie nele.

Degan assente positivamente com a cabeça para a Roedor de Ossos. Ele cruza os braços em uma posição contemplativa por alguns instantes

Servos da Serpente e agora sanguessugas que manipulam o fogo...? Que raios de lugar é esse? Ao menos é bom saber que temos aliados que estão na mesma situação que nós. 

Ele então se volta para a Roedor:

" - Eu imagino que o Kiba conheça esse Falcão-Noturno. Vamos conversar com ele depois que as coisas se acalmarem. Mas acho muito estranho que essas sanguessugas entendam o básico sobre espíritos..."

Ele respira fundo. Lidar com aqueles Garou não era nada fácil. 

" - Não há muito o que possamos fazer por Âmago neste momento. Gaia nos ensinou a refletir e buscar inspiração em Suas criações, o que inclui nós mesmos. Todo Meia-Lua precisa disso para saber se está sendo justo em seu ofício. Esperemos que Luna lhe mostre o caminho e, quando ela retornar, precisamos mostrar a ela que evoluímos. Superar o baque deste julgamento é um dos passos. Vocês dois também têm a oportunidade de mostrar a ela o que aprenderam, tenho certeza que o testemunho de Brilho-dos-Sonhos começou a mostrar-lhe isso."

Ele olha um pouco para o horizonte, desviando o olhar dos dois Ragabash por um momento.

" - Meu povo diz que há um tempo para tudo, desde a Era do Sol. Mesmo alguns de nossos rituais têm espaço para as sátiras e comentários ácidos dos Lua Nova como vocês. As punições de nosso povo são graves e são duras, porque seguem leis mais antigas do que o homem. Mas há sabedoria nelas, e na forma como encontramos para superá-las, e esta tem sido nossa Sina e nosso propósito: Caminhar nos desígnios de Gaia e defendê-la. Desde a Era do Sol."

Degan agora coloca a mão no queixo e olha rapidamente os dois Luas-Novas:

" - A história do povo-lobo é marcada por perdas, pesar e culpa... Mas nós continuamos lutando. Nós já cedemos à sedução da Serpente-de-Chifres mais de uma vez. Meu povo, filho do Grande Wendigo carrega ainda hoje o pesar e a mágoa por terem sido traídos por tribos dos europeus... E, mesmo assim, ainda lutamos lado-a-lado com os descendentes daqueles que tomaram nossos lares. Ainda temos amargor, é verdade, nossa fúria é grande. Mas sempre foi nosso caminho confiar nas palavras da Grande Avó, e assim será até que o último de nós caia..."

Deganawida não gosta de falar sobre si mesmo com quem não seja um membro de sua tribo, mas acredita que aquelas poucas palavras poderiam demonstrar a seus irmãos que ele próprio lutava uma batalha interna muito anterior à sua chegada naquela matilha. É difícil para um Philodox não-familiar com as leis de uma sociedade ou com o convívio com tribos hostis exercer seu papel e ele frequentemente duvidava, mas estaria disposto a cumprir com seu papel seja com quem quer que fosse, mesmo um grupo de Garous Estrangeiros-da-Wyrm...

Ele observa e parece que Sussuro se aproxima. Ter um Galliard naquela história poderia facilitar as coisas... Ou não, já que se tratava de Tarek. Mas ele tentaria. 

" - O Galliard de nossa matilha, Sussurro-da-Noite vem de uma tribo que perdeu, para sempre, seu lar e seus ancestrais. Eles não desanimaram, mesmo diante de uma perda tão grande, e eles continuam, até estas noites, vagando pelo mundo e encontrando formas de lutar contra a Serpente-de-Chifres e suas crias."

Ele suspira e estala um pouco os nós dos dedos enquanto fala. O Galliard dos Peregrinos já podia ouvi-lo de onde estava. O Philodox faz um sinal com a cabeça para que se aproxime. 

" - A luta contra a Harano, a grande depressão que acomete nosso povo, é um desafio constante em todos nós. Nestas situações, nosso povo apela para nossa memória e pela sabedoria das histórias contadas por gerações dos Dançarinos da Lua. Eles guardam nossos costumes e prezam pela União de matilhas, sejam uns com os outros, sejam com manitou* aliados. Aliás, isso parece ser novo para você, Brilho-dos-Sonhos. Nosso pacto com os espíritos e como nós lidamos com o Mundo Fantasma*... Eu também quero falar sobre isso amanhã. Tenho certeza que 99-Centavos conhece os espíritos dessa cidade melhor do que eu.". 

O Galliard estava chegando perto.


Sinceramente, essa seria uma boa hora para que este sujeito conte uma boa história...

OFF:
Mundo Fantasma = Umbra
Manitou = espíritos (aliados ou não)
Serpente-de-Chifres = Wyrm
Era do Sol = Início dos tempos dos mitos dos povos Navajo, em que o homem existia, mas só pôde encontrar o Sol depois de demonstrar sua fé e ser digno de entrar no Quinto Mundo. 

Grace caminha devagar, em passos curtos, conferindo frequentemente se Kiba conseguia acompanhá-la. Por mais abatido que estivesse seu semblante, havia uma firmeza em seus olhos claros, encontrando forças de algum lugar para fazer o que precisava ser feito.

"O som sai das cordas, mesmo quando os dedos sangram…”


Séria, com o passo tão devagar que as Garous notariam a aproximação antes mesmo que eles chegassem, mas tentando fazer isso com toda a dignidade possível, a Galliard as aborda.

- Com licença, vocês são da Tribo das Fúrias Negras?

Obtendo uma confirmação, ela se apresenta.
- Sou Grace Tavares Conney. Cliath Galliard dos Fianna. Este é Asa Solitária, Cliath Ahroun dos Presas de Prata. Peço a ajuda de vocês em questões relacionadas à fertilidade feminina.

Acreditou que elas iriam entender.

Tomás apenas ouve Degan, a frustração dele em ver a sua área de estudo ser um tanto quanto desprezada acaba sendo recebido com uma careta, mas não estava surpreso, na realidade preferia não ter falado nada e se sentiu idiota por não ter prevido isto.

Sangue-dos-Quatro-Ventos então começa a comentar numa reflexão extremamente profunda, Tomás o ouvia com atenção e sorria vez ou outra, apesar de não gostar muito da sensação de que tudo aquilo poderia ser resumido com a seguinte frase "Eu estou certo, vocês estão errados, façam o que eu mandar e ai estarão certos", mas havia toda uma reflexão e profundidade no que Degan contava que era divertido e agradável de ver os sentimentos do homem naquilo. 

Mesmo que não quisesse dar na cara, Tomás estava um tanto quanto satisfeito e feliz com o momento, finalmente estava numa situação relativamente confortável com seus colegas de matilha aprendendo com um garou mais experiente, o Ragabash dos Andarilhos não confessaria, mas era mais ou menos isto que ele queria se tivesse que se relacionar com os outros, um período calmo, uma conversa que não fossem apenas ordens e julgamentos. Durante as falas de Degan, Brilho-dos-Sonhos acabou acariciando as costas de Jéssica que estava deitada ao seu lado e então quando viu Tarek vindo se aproximar do grupo acabou fazendo um gesto com a mão e esboçou um sorriso para que o Peregrino se aproximasse, o Andarilho do Asfalto não tinha nada contra ele e ainda não tinha percebido que Thiago não gostava dele. 

Mas antes das coisas continuarem como estavam, Zvanna se aproxima e relata uma situação um tanto preocupante e como Tarek ja estava a mais ou menos dois metros do grupo, provavelmente ele havia ouvido. "-Gente, se nossa matilha fosse uma pessoa, ela já teria se matado.-"

Thiago se aproximava correndo, a dor já tinha diminuído bastante com o tempo e já não aprecia tão torto correndo. Pode ouvir as últimas palavras de Degan, e ali diminuiu a velocidade se preparando para chegar e usar o que falava de gancho para seus planos.
Porém, a fala de Zvanna muda tudo ali. Por um instante temeu que a chegada dele ali junto a revelação da theurge fizesse a matilha crer que ele era culpado. Afinal já tinha gente ali que não ia com a cara dele é acreditar nisso era fácil.
*Zvanna apesar dos olhos bonitos você sempre estraga meus momentos...*
Vê o ragabash lhe fazer sinal para chegar junto e então comentar indicando que era melhor que a matilha assim terminasse assim como uma pessoa morresse.
"- Ao contrário, Brilho dos sonhos..."
Tomou lugar ali se sentando perto de Degan.
"- É nesses momentos difíceis que a gente precisa ficar mais vivo... Não podemos no entregar ao harano... Os Wendingo quando perderam suas terras não se entregaram continuaram a lutar... Nós os peregrinos, quando perdemos nossa terra e nossa ligação com os ancestrais continuamos a correr. Isso é ter esperança. Lembre-se do nome que escolhemos, lembre-se do totem que voltamos a trazer que muitos diziam estar perdido. Isso é esperança. Erramos sim, eu errei... Eu sei... Não estou aqui fazendo discurso me colocando acima... Mas é agora que precisamos nos unir para andar pra frente e ter esperança."
Faz uma pausa e respira fundo.
"- Sabe, quando os peregrinos perderam tudo, terras, casa, familiares, ligações com espíritos, antepassados, caern é força. Eles continuaram a andar. Movidos não pro vingança, mas movidos por uma missão de futuro melhor aos seus. Não tinham mais nada, a não ser seus companheiros de viagem para se apoiar, e isso foi toda a força que precisaram para se manter vivos e andando como estão até hoje. Estamos assim agora, nossa situação e imagem não está boa eu sei... Mas se a gente não se unir, botar diferenças de lado, se entender ou ao menos tentar isso, se ver como irmãos, não vamos andar para frente... Mas juntos, vamos poder mudar tudo."
Passa os olhos por todos ali.
"- Num incêndio da floresta, o forte leão acreditou estar perdido, até ver um pequeno pássaro com seu bico jogar pequenas quantidades de água para apagar o fogo, o leão lhe questionou o motivo é chamou o pássaro de tolo, era pequeno de mais para tanto fogo. O pássaro olhou ao leão e disse que ele estava ali fazendo a sorte dele. E se todos os animais fizessem a sua parte o incêndio seria pequeno. O pássaro é a lição de esperança e trabalho. Vamos ter que ser isso. Talvez o Uirapuru esteja triste conosco por estarmos divididos e desesperançados. Temos que cumprir a promessa que fizemos a ele e mais, cumprir aquilo que somos uns aos outros numa matilha, irmãos."
Respira fundo mostrando um pouco de incômodo ao que ia falar.
"- Eu nunca tive matilha, mas a vejo como um grupo, família, e não creio estar errado. Minha família sempre foi algo confuso. E eu sei não ser o cara mais certo. Mas vou tentar com vocês junto me ajudando. Deganawiga vou precisar de seus conselhos como philodox e companheiro de estrada, mas peço também paciência com meus defeitos e espero lhe compensar com histórias e exaltar seu trabalho comigo e com a matilha. Ragabash, os dois, não tivemos o melhor começo, mas vamos tentar arrumar isso, e Jéssica só te chamei de feia por estar zangado, devia ter me controlado. Zvanna vamos precisar de seu especial olhar e dons para voltar a ter bom relacionamento com os espíritos a nossa volta e com nossos próprios espíritos, conto como guia. Conto com vocês todos para ajudar Kiba e Grace também, afinal os ajudar e nos ajudar como matilha também. Não é momento para nós darmos ao luxo de vaidade ou soberba para os repudiar. O caern todo fará a vida deles difícil, vocês sabem, e nossa também, por sermos da mesma matilha, então temos aqui que nos unir e seguir em frente, guiados pela estrela na escuridão chamada esperança, a pequena luz que abre caminhos... Posso contar com vocês?"

Kiba acompanha Grace e assim que ela o apresenta o Ahroun acena em positivo com a cabeça, cumprimentando as Fúrias Negras.

Ele então se prepara para um sermão, ou no mínimo olhares reprovativos para a dupla, principalmente para ele, mas isso não acontece. As Fúrias Negras pareciam realmente esperar por eles, como se já soubessem que naquela noite alguma fêmea as procuraria.

Kiba se separa de Grace para deixá-la seguir com a líder das Fúrias Negras e nota que Rastro Invisível vem até ele para conversar. O comentário dela era pertinente e o Ahroun responde em seguida:

- Estamos cientes... É o preço que temos que pagar...

A voz de Kiba era realmente irritante. Lembrava a de Tomás, mas parecia muito mais incomoda aos ouvidos do Garou. Definitivamente ninguém o levaria a sério com aquela voz. Precisava pensar o que fazer para se livrar dela e, até que isso ocorresse, quem falaria pela matilha.

Kiba teria tempo de sobra pra pensar naquilo, no momento ele se preocupava em saber o estado de Grace.

Olhos-do-Caos acaba interrompendo aquela breve reunião com OUTRA má-notícia: Alguém da matilha havia violado o dogma do Uirapuru. 

POR GAIA, O QUE MAIS FALTA ACONTECER?

" - ATWANAKSA*! O que mais falta acontecer?"

Ele rosna consigo mesmo logo que escuta as palavras da Theurge. O Peregrino então chega e os interrompe, contando uma boa história, mas, infelizmente, a raiva do juiz impede que ele a ouça completamente. 

" - Sim, Sussurros, estaremos com você..."

As palavras do juiz soam com menos entusiasmo do que soariam em outra ocasião, tamanha a frustração de ter que lidar OUTRA vez com uma punição.

Pelo menos ele está tentando...

A voz soa em sua mente e ele sabe que é o velho Morte-no-Fim em algum lugar...
Depois de respirar fundo com a palma no rosto de modo até mais enfático do que nas outras situações, o Wendigo vê que não lhe restam muitas opções com Asa-Solitária, Cordas-Trêmulas e a Fenris ausentes: Teria de pensar rápido. 

" - Olhos-do-Caos, há um ritual que acalma espíritos e sela sua amizade. Você o conhece? Nossa prioridade é ganharmos de volta a confiança do manitou*". 

Ele coça o cabo de sua machadinha logo depois da pergunta e resposta e fala alto para que todos ali ouvissem:

" - Vamos resolver isso logo: Na ausência de Âmago-de-Gunnr eu assumo as punições. Não podemos esperar demais ou o manitou irá se enfurecer e nos abandonará, e isso será muito ruim..."

Tsc, como se já não estivéssemos sob tamanha desonra, toda a matilha.

" - ...O dogma de nosso totem, se não me engano, é o de soltarmos pássaros a cada mês, deixarmos oferendas para ele todas as manhãs e não caçar e devorar seus filhos. Como ainda não se passou sequer um dia desde que ele nos abençoou, só pode ser uma violação do dogma de matar e comer aves. Algum de vocês comeu ou caçou algum pássaro depois que recebeu as bênçãos do totem?!"

O Wendigo fala e rosna ao mesmo tempo, ele não grita, mas sua voz tem um tom rude e agressivo. 

Do jeito que estamos com sorte, daqui a pouco um desses aí vai dançar a espiral negra e invocar um Filho da Lacraia no meio deste Caern... Dai-me paciência Gaia, porque eu sei que se pedir pela força do Grande Wendigo, eu vou afundar meu machado na cabeça do primeiro que levantar!

OFF: Atwanaksa = Maldição!

!

Ficou quieta esperando respostas de Degan e Tomás. Degan fala umas coisas das quais Jessica não entende muito bem, mas sabia que ele procurava aconselhar os dois Ragabashs. Ela ouve tudo, quieta, mesmo que não entendesse tudo de fato.

Tarek chegava para perto do grupo e Jessica tenta permanecer calma, mesmo sabendo que ele poderia ser um traidor de Gaia. Não poderia sair falando a torto e a direito que o Peregrino tinha bebido sangue de vampiro e que sua tribo tinha pedido para ela ficar de olho nele. Continuou com a cabeça sobre as atas dianteiras, ao lado de Tomás, olhando para a floresta que circundava a Clareira Central.

Percebia que Zvanna se aproximava, e não tinha boas notícias. Agora era o totem que estava bravo com a matilha e nem tinha se passado um único dia com a benção dele. Jessica ainda não se tocara, porque era ela quem tinha quebrado a confiança do pássaro.

O carinho nas costas vindo de Tomás não fez com que Jessica se movesse. Ela sentia que precisava de paz, tranquilidade e aquele afeto tão raro entre os garous vinha em boa hora. Tomás não a tinha respondido sobre a Mãe das Ruas, mas sabia que ele estava disposto a ajudar as travestis. Com a notícia de que o dogma tinha sido quebrado, isso era quase sem sentido no momento.

A chegada de Tarek vem com palavras bonitas para tentar animar o grupo. Para Jessica nada resolveu. Ela não se movimenta, não fala, e se permite apenas a ouvir o que era dito. Em resposta à Tarek, ela apenas comenta, triste:

"-Eu não sou bonita. Você disse a verdade apenas.

Não se importava mais com isso. Eram águas passadas. Mas cada coisa que acontecia era um pouco mais de água dentro do copo.

*Soberba? Vaidade? Que merda é essa?*

Degan parece bem irritado com a quebra do dogma do Uirapuru. Era o único juiz ali e ele tinha toda razão disso. Quando o Wendigo começa a falar sobre os dogmas é que a ficha de Jessica cai. Ela tinha comido um galeto na reunião dos Roedores.

Lágrimas começam a correr através da cara da Roedor e ela, mais triste do que já estava comenta:

"-Com tudo que já aconteceu eu não pensei que seria mais uma vez uma pedra no sapato dessa matilha. Na reunião com os roedores eu acabei comendo um pedaço de galeto que me ofereceram. Não me atentei ao dogma do Uirapuru....eu, eu......errei mais uma vez e mancho a cada suspiro a imagem dessa matilha."

Olhou para Degan com os olhos marejados.

"-Não vou me explicar porque isso não tem explicação. Me dê uma punição dura para que eu nunca mais esqueça isso e não cometa mais nenhum erro.

Ela encarava o Philodox.

A recepção das Fúrias Negras era gentil, muito melhor do que Grace esperava, e isso conforta a Galliard, embora ela ainda estivesse visivelmente nervosa, apesar do pedido de calma.  
- Estou tentando...

Hesita em soltar Kiba, lançando um olhar pra ele, sem saber se ele conseguiria caminhar sozinho, mas não podia recusar o gesto acolhedor da Fúria Negra e o Ahroun parecia também entender isso já que igualmente se afasta. Segura as duas mãos da Garou, com as suas ainda úmidas do banho do rio e de seu suor frio de temor. As Fúrias Negras deixam que Kiba a acompanhasse, o que aumenta ainda mais sua consideração com elas. 

Escuta a apresentação da líder da Tribo, e ao ouvir que ela era uma Philodox, por um momento achou que alguma fala de repreensão se seguiria. Porém, ao contrário disso, a Fúria Negra apresenta, com uma naturalidade surpreendente para Grace, uma mãe de duas impuras, bem como essas filhas. 

Algumas horas atrás, a Fianna pensaria algo como, que coisa desonrosa, não só ter gerado dois impuros, como parecer não se importar nada com isso. Manter duas marcas da vergonha ambulante de uma gestação imperfeita e de um crime contra a Litania andando por aí.  

Porém, seu julgamento impiedoso de antes agora se voltava contra si, por mais que Grace achasse que o que tinha acontecido não era sua culpa. Sentia-se agora comovida pela empatia que as Fúrias Negras demonstravam por ela, como elas tinham por outras irmãs que haviam caído na desgraça, não falhando ao que conhecia sobre a Tribo de ser solidária com todas as mulheres. Humanas e Garous. 
- É um prazer conhecê-las... - diz com sua voz quebrando-se de emoção, e lágrimas saindo de seus olhos, que ela enxuga com o ombro para não soltar a mão de Mariza. 

Chegando ao local, Grace se deita como a Fúria Negra havia orientado, escutando atentamente a descrição do ritual. 
- Muito obrigada pela ajuda, irmãs. 

"Gaia permita que meu ventre não gere um impuro" roga aflita. 

Deitada, respira fundo, tentando relaxar, e deixar seu destinos nas mãos da Mãe.

Tsc, Roedores e sua fome por coisas dos humanos, aceitam até mesmo sobras desses lugares empesteados pela Wyrm que chamam de fast-food. Que merda mulher, por quê você tinha que falhar de novo?!

Degan tinha raiva e encarava de volta a Roedora de Ossos. Desobedecer e desagradar um manitou totêmico era algo bem ruim e em sua tribo o infrator pagaria isso com sangue na Dança do Sol até que o patrono estivesse satisfeito, afinal, o Mundo Fantasma também possui leis. Mas aquelas não eram as Terras Puras do Norte como ele conhecia e aquela matilha estava caindo aos pedaços após a violação maciça do alfa e da beta da matilha. A punição precisaria resolver o problema e ensinar àquela Ragabash a controlar o estômago, que ainda não seguia a vontade do corpo. 

" - 99-Centavos, Ragabash nascida dos homens da tribo dos Roedores-de-Ossos, você desagradou ao Uirapuru e receberá uma pena de acordo: Nem mais, nem menos. Não cabe a você nem ninguém que não seja o juiz competente dizer para receber uma punição pesada demais ou leve demais."

Eram frases fortes, mas precisavam ser ditas, afinal, a justiça era aquilo. Tentando rosnar um pouco menos, o Wendigo continua:

" - Como punição por ter desobedecido o manitou que abençoa a essa matilha você deverá caçar sua comida pelo mesmo ciclo lunar em que ficar sob a forma lupina. Há muitas presas nas cercanias deste Caern, como roedores e pequenos répteis e você terá acesso a elas. Exceções podem ser concedidas para missões ou casos especiais. Você também vai se retratar para o totem pessoalmente, na Umbra, conosco."

Ele olha em volta para os outros membros de sua matilha, acenando com a cabeça para mostrar que o assunto estava encerrado. 

" - Vocês ouviram o Peregrino, precisamos fazer isso juntos, por que assim são os totens de respeito. Levante-se 99-Centavos."

Degan adota uma postura mais prática do que vingativa e raivosa. Ele não estava nada feliz em ter que fazer aquilo, mas a punição havia sido dada e ele não sente prazer algum em condenar de novo uma colega de matilha com o psicológico tão abalado. Mas, ao mesmo tempo, não poderia deixar passar a violação ou mesmo deixá-la sucumbir à auto-depreciação. As palavras enérgicas servem para mostrar que algo precisaria ser feito e para desviar o foco dela em se reduzir cada vez mais. 

O Philodox aguardava a resposta de Olhos-do-Caos para definir que estratégia iriam usar para acalmar o manitou do Uirapuru...

Tomás entende que o silêncio pode ser a melhor coisa a ser aplicado a ele naquele momento, mas isto pareceu uma enorme deixa para Tarek falar compulsivamente, o Ragabash acaba achando terrivelmente pesaroso toda a fala do Peregrino, eram palavras soltas ao vento, na realidade o discurso tinha sua beleza, funcionaria muito bem para as pessoas certas como Kiba ou Grace, mas não Jéssica e Tomás e talvez não Zvanna e Degan tinha um interessante estilo de não ligar para algo, mas gostar do esforço.

Infelizmente Tomás acaba focando num momento da frase do discurso de Tarek que ele não gosta muito e decide se manifestar depois que Degan da o seu julgamento. "- Tarek, os "dois" Ragabash? Hoje você me paquerou e depois quando nos falamos eu te alertei dos riscos de quebrar a Litania, se você não gostou? Ok. Se você me odeia? Legal, é fácil não gostar de mim, a maioria não faz nem questão do contrario, mas não diga ou sequer passe a impressão de que por algum motivo eu tive algo contra você ou qualquer outro da matilha, nós nem nos conhecemos, ninguém aqui se conhece de verdade, você deve ter seus motivos para ser um hiperativo tagarela e eu tenho os meus para ser como sou, pode não gostar de mim se quiser, não vai mudar minha indiferença. A propósito, ótimo discurso, só que o público não é o mais apropriado e se o casal ficou irritado com o que eu disse, então são tolos e caem no meu teste, eles quebraram a primeira lei da Litania, ela pode estar gravida e eu brincar com o fato deles terem fornicado no rio bastou para que eles sofressem?-" Existe um alto nível de descontração na fala do rapaz que trata aquilo com certa indiferença. 

Tomás não ficou surpreso ao ver que Jéssica era a responsável pela quebra do dogma e diante da tristeza da moça, tentou apoia-la. "- Jéssica, você foi a única de nós que investigou e descobriu informações sobre a nossa missão enquanto esteve no Caern e também esta formando um laço com a sua tribo que pode ser benéfica, não se martirize pela quebra do dogma, vamos resolver o problema logo, você esta tendo um dia ruim assim como Tarek o teve. -" Tomás não precisava testar Jéssica, ela era uma Roedora e não era a Alfa da matilha, ela não precisava ficar resiliente, precisava de apoio.

Tomás conversa com Tarek sobre o discurso dele e depois tenta apoiar a Ragabash em seus erros. Ela o olha com uma mostra de dentes para ele. Estava cada vez pior para ela sobreviver ali. O Rio era amaldiçoado?

Estava bem abalada pelos seus erros consecutivos e pelos erros dos outros membros da matilha. O que estava acontecendo ali? O que o Rio de Janeiro tinha para gerar tantos problemas? Os membros da sua tribo em São Paulo sabiam desses problemas? Se sim, porque não mandaram um membro de posto superior? Jessica estava ao ponto de quebrar.

Sem nada dizer, pois estava errada e tinha que engolir qualquer punição, Jessica se levanta. Recebe a fala de Deganawida com respeito, baixando seu olhar para o chão. Aguardava os próximos passos de sua punição. Teria que se retratar com o Uirapuru e ela mal sabia o que dizer.

Deganawida não acreditava no que estava vendo: Ele havia acabado de dizer que iam precisar da matilha unida para resolver o dogma com o Uirapuru mas Tomás começa uma ladainha com o Peregrino... Porque ele havia feito umas merdas lá no início da noite, antes de ser estuprado e perder quase qualquer senso que ainda lhe restava? Aquela voz esganiçada do chacal soava na cabeça do Oneida e isso lhe desagrada profundamente. 

Puta que pariu. Me segure Wendigo, ou vou escalpelar esse sujeito. 

" - CALADO Ragabash."

O Philodox se aproxima e se posiciona bem no meio entre o Ragabash e o Galliard.

Ele inspira o ar e solta aos poucos:

" - Eu acabei de dizer que o totem precisa de nós. Isso não é hora para atrair desavenças pessoais. A matilha vem primeiro e é assim que tem que ser. Já tivemos problemas demais por uma noite e não vou permitir que os atritos de quem quer que seja interfiram agora. Essa é minha palavra como juiz dessa matilha. Recomponham-se."

Ele rosna em um tom bem mais alto do que havia dito antes, e sua mão já havia alcançado o machado... O tomahawk certamente faria seu voo mais uma vez se proferissem qualquer besteira que não tivesse a ver com o estado do totem.

Em seguida, ele olha para a Theurge. Esperava dela a resposta para agirem logo.

Fazer o discurso e tentar animar o pessoal não tinha gerado efeito. O mais bizarro era ver só o Wendingo mostrar algum apoio, mesmo estando com sangue nos olhos e questionando sobre a quebra do dogma. 
Logo Jéssica se põe como culpada. E por mais que os dois, rato e coruja, não se dessem bem, ele ficou meio comovido com ela e deu uma olhada para Degan quase pedindo piedade ali. Mas o philodox age com justiça e reforça isso, era justiça e não vingança. Por fim, propõe que em grupo a matilha fosse pedir desculpas ao totem junto de Jéssica.
O peregrino ia comentar algo quando Tomás da início com a voz esganiçada seu discurso.
O peregrino para e respira fundo. Se fosse sair falando tudo ali ia piorar mais ainda o que já estava quebrado e era provável vir uma machadinha voando de novo em sua direção. Ainda mais depois daquela intervenção do Wendingo, que o faz assustado ali respirar fundo de novo.
*Ok, ok... Quieto... Se segura... Lembra que é pelo que acabou de falar, o bem da matilha, esperança, união... E se manter vivo sem ser caçado por um índio maluco.*
Respira fundo se segurando, faz uma pausa, e olha então para Degan tentando focar no que tinha que ser feito do totem como havia exigido ali o philodox.
"- Deganawiga, concordo fazer o pedido de desculpas em grupo... Me sinto também muito responsável já que no caso do totem, fui eu quem fez a sugestão e trouxe sua lenda aos ouvidos da matilha... Sendo assim me comprometo a ficar durante a lua que Jéssica ficar em sua forma lupina e caçando, em além de não comer aves, como pede o dogma, não comer ovos também, como um voto em nome do totem e também de apoio a companheira de matilha."
Olha para Jéssica e da um sorrisinho a ela e esperava que ela entendesse com aquilo que ele tentava não se colocar como competidor dela e que falava sério com a coisa do precisarem se unir. E também esperava que Deganawiga entendesse aquilo que ele fazia não como um passar de mão na cabeça da ragabash. O peregrino estava mesmo com medo do Wendingo.

Tomás observa Degan com a sobrancelha levantada, devia ter previsto que ele iria se irritar, mas não o fez, respondeu apenas como um "-O.k-", então se vira para Zvanna e comenta. "- Olhos-do-Caos, acredita que apenas uma parcela da matilha poderá ser o suficiente para resolvermos o descontentamento do Totem? Acha que podemos resolver isto antes do restante saber? Kiba e Grace devem estar bastante ocupados agora e seria interessante Sarah não ter outro problema na cabeça. -" 

"Fala isso pra essa cauda..."

Pensa o Ahroun diante do comentário da Fúria Negra. Kiba queria acreditar realmente que aquelas palavras eram assertivas, mas  elas serviam mais para não deixar-se abater. De qualquer forma ele não se deixaria desistir. Se fosse cair, iria cair tendo certeza que tentou de tudo.

É dado inicio então ao ritual de Grace. Kiba não desvia os olhos da Fianna por instante nenhum. Queria ter certeza de que ela estava bem. Bem e fora de perigo.

Finalmente alguma coisa começa a se manifestar. Uma aura que transformava em um pequeno crinos. Kiba sabia muito bem o que era. Grace estava ou estaria grávida de um impuro.

"Puta merda... De novo não..."

O Ahroun não acreditava naquilo. Não pelo filhote, mas por inevitavelmente lembrar-se de Sasha Falcon e de como ela sofreu até o ultimo dia de gestação, quando finalmente pode descansar em paz.

A aura começava a mudar, agora para forma de uma criança. Uma menina, pare ser mais certo. O Ahroun simplesmente não consegue acreditar no que via. A menina que estava na aura ERA a criança de cabelos brancos de seu sonho.

- Não pode ser...

Ele deixa escapar as palavras de sua boca enquanto seus olhos estavam completamente arregalados. Ele não estava louco, não podia estar louco, e aparentemente a Fúria Negra que realizou o ritual também não acreditava no que tinha visto.

É então que ela lhe da a noticia mais inacreditável de sua vida. Aquela criança, sua filha, era a impura perfeita das lendas da Nação e estava destinada a ser o divisor de águas entre a vitória ou a derrota da Nação Garou sobre a Wyrm.

Kiba fica tão atônito que não consegue formular as palavras para a pergunta. Todas as suas preocupações pareciam tão pequenas agora que ele simplesmente caminha até Grace sem cair ou cambalear e para ao lado da Fúria Negra responsável pelo ritual. Seus olhos transpareciam a mesma preocupação que as demais Garous que estavam ali.

- O que devemos fazer agora?

Ele pergunta esperando algum tipo de orientação, pois jamais imaginou aquele destino e aquela responsabilidade em sua vida.

O Wendigo, por sorte, não precisa arremessar seu machado em mais ninguém ali. Aqueles modos de comprar briga em momentos difíceis irritavam Degan, que preferia falar pouco a fazer longas intervenções. 

As palavras da Theurge eram preocupantes: Mesmo com o ritual de contrição, havia o risco do totem querer abandonar a matilha. Seria cobrado deles uma tarefa especial, o que pode ser complexo: Manitous como o Uirapuru deviam ser orgulhosos. Por esse motivo ele não abençoara uma matilha há tanto tempo...

Escutando Tarek e Tomás, o Oneida apenas assente com a cabeça e responde primeiro o Peregrino:

" - Podemos tentar, mas imagino que votos pessoais não farão tanta diferença assim para ele."

E, voltando os olhos para o Andarilho:

" - Espíritos são orgulhosos e se demorarmos demais, podemos sofrer duras consequências. De todo o jeito é certo que 99-Centavos precisará se desculpar com ele..."

O juiz respondia a todos como podia. Ele se volta à Theurge:

" - Olhos-do-Caos, acredito que, como sinal de boa-fé, todos aqui deveriam doar um pouco de sua gnose ao Uirapuru para que nos ouça e receba a contrição de 99-Centavos. Se isso o acalmar, podemos ouvir qual a tarefa que ele exigirá de nós e, ao fim da noite, levamos os demais membros para que façam a mesma oferenda de gnose ao nosso totem, e, todos juntos, pedirmos perdão."

O Philodox esperava apenas que ela lhe respondesse e se preparava para tocar nela e irem para a Umbra. Assim que ela lhe responde ele gesticula com a cabeça para que todos façam o mesmo. 

" - Se preparem."

O uivo das lupinas ajudam Grace, ainda tensa, a relaxar. A força poderosa da Wyld, a energia feminina que a circundava, a aura vibrante da fertilidade faz com que a Garou se sinta acolhida pelos braços da própria Mãe. 

Franze os olhos e dá um leve gemido conforme a erva parecia queimar a pele de sua barriga, e tenta resistir à dor, percebendo o quando a Fúria Negra era delicada, para fazê-la o mais suportável possível. 

Por mais que franzisse o rosto, faz um esforço para olhar para a aura que se revela por cima de sua  barriga, imaginando que ali estaria a resposta que buscava. A forma da cria impura que surge destrói impiedosamente sua frágil esperança, e ela fecha os olhos, de onde saem duas lágrimas que escorrem em seu rosto. 

Conseguia, por algum motivo, manter seu corpo relaxado apesar daquela dolorosa revelação, chorando enquanto olha a imagem de quem seria sua futura filha. A visão de sua criança impura é tudo o que ocupa a sua mente, e a tristeza, seu coração. 

Continua deitada mesmo depois que o ritual termina, seus pensamentos vão voltando, ainda que custosamente, para uma única palavra: aborto. 
A ideia que havia lhe parecido tão certa agora causava dúvidas na mente de Grace. Sua filha seria tão linda, mas seria uma impura, uma vergonha às duas para sempre. Porém, mesmo naquela curta visão, se sentiu capaz de amá-la. 

Estava tão aturdida com tudo aquilo que foi incapaz de imaginar que algo poderia abalar ainda mais seus sentimentos, até ouvir algo que mudaria não só sua vida, como a do mundo todo.

- O QUÊ?! - Grace ergue o tronco de uma só vez, apoiando-se nos cotovelos com os olhos saltados de estupefação. Vê a mão que Flecha-Voraz lhe estendia e, trêmula, a aceita, colocando-se de pé ainda desnorteada - não, não pode ser... isso é uma lenda... não... por quê eu... por quê em mim... uma responsabilidade tão grande... o sinal do Apocalipse... o destino de toda a Nação de Gaia... em mim... não faz sentido... não pode ser... 

Estava grávida de uma cria que, pelo bem maior de todos, não podia tirar. 

Seus olhos giram como quem perdeu o chão, para Kiba e para as Fúrias Negras, manifestando a mesma dúvida que ele.

99 centavos estava cansada. Uns queriam que as coisas caminhassem como eram em suas tribos, outros preferiam a putaria, outros ainda quebravam dogmas e litanias. Gaia já não estava perdida com cada um querendo e fazendo uma coisa diferente? Continuou quieta diante das palavras de Degan.

Tarek abre a boca e Jessica só pensa:

*Qqqqqqqqqqqqqquuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuueeeeeeeeeeeeeeeee?*

Vira seu olhar na direção do Peregrino e acha aquela ação muito estranha. Era algum tipo de plano para enganá-la depois? O "não confie nele" ecoava em sua cabeça como um tambor de escola de samba em dia de desfile na Sapucaí.

O sorriso de Tarek não é retribuído. Tomás levanta uma ótima questão sobre a matilha não estar ali em sua totalidade. Zvanna dá alguns conselhos e Jessica a responde:

"-Mudarei para hominídeo assim que estivermos na Umbra, Olhos do Caos. Algum problema sobre isso?"

Queria se manter em lupino o máximo possível, queria fazer o seu melhor. Mas o melhor que ela estava fazendo era acabar com aquela matilha.

Deganawida também dá mais algumas orientações sobre doação de Gnose e Jessica concorda com a cabeça. Toca então em Zvanna para atravessarem para a Umbra.

*Por Gaia, Helios e Luna, eu estou tentando, eu juro... Mas puta que pariu! Esta difícil isso... Nem para ganhar um feedback positivo nisso e saber se é esse o caminho, onde é que eu estou errando tanto?*
É o que mente de Thiago pensa ao ver que nada ia como ele queria, nada apontava que ele estava acertando. Começava a parceria esforço inútil. Tirando o apoio sem graça de Degan e um menear de cabeça de Zvanna, o peregrino não teve nada de positivo que indicasse o vinho certo. Grace e Kiba, ali nervosos nem se despediram direito dele indo com as fúrias. Tomás só saiu atacando com a aquela voz irritante. Jéssica nem reação mostrou para nada. Pelo menos a Sarah não estava por perto para resolver o olhar feio como sempre. E ainda tinha o totem, o único feito que ele tinha acertado ali, que já estava irritado com a matilha.
*Estou perdido... Começo a achar que o Mohammed pode ser uma boa para ajudar... E olha que não curti muito o cara.*
Respira ali fundo, e balança a cabeça concordando com o Wendingo sobre o doar Gnose e fazer o possível para ajudar ali naquela confusão. Ele realmente estava tentando ser legal e cooperar com a matilha. E pensava quando poderia abrir as ideias que tinha sobre como seguir com a matilha e sobre liderança, já que o simples falar de união já tinha sido um desastre.
Ali com seus pensamentos fica a postos para assim que recebesse a afirmativa, colocar a mão sobre Zvanna é fazer a travessia para encontrar com o totem, o espírito do Uirapuru.